Rafael Marques foi ouvido na passada terça-feira, 27, no Departamento de Crimes Selectivos dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), num interrogatório que o activista considerou ter decorrido de forma civilizada e que durou cerca de três horas.
O jornalista e activista dos direitos humanos ficou a saber que é acusado do crime de injúria por ter publicado um artigo onde acusa o procurador-geral da República de estar "envolvido em corrupção".
O procurador "diz que foi injuriado e que o meu texto mancha o cargo", adiantou Marques no final das audiências. "Cabe a mim provar [a acusação], como acontecerá, para ver quem está a injuriar quem. Um condomínio é uma actividade comercial, logo, sendo uma actividade comercial, o procurador-geral da República, por ser o concessionário directo desta superfície de terra, está a fazer um negócio privado. E mais: adquiriu o direito de superfície como sendo um terreno rural para efectivamente fazer um projecto urbano", disse Rafael Marques.
Também o jornalista e proprietário do semanário angolano "O Crime", Mariano Brás, foi constituído arguido neste processo por ter publicado o artigo “Procurador-Geral da República envolvido em corrupção”.
Mariano Brás foi ouvido esta quarta-feira, 28, no Departamento de Crimes Selectivos dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), num interrogatório que durou também cerca de três horas.
No texto com o titulo “Procurador-Geral da República envolvido em corrupção”, publicado a 26 de Outubro, Rafael Marques denunciou o envolvimento de João Maria de Sousa num negócio de compra de uma parcela de terreno de três hectares para a construção de um condomínio residencial com vista para o mar, no município do Porto-Amboim, na província do Kwanza-Sul.
Segundo a publicação, o PGR terá pago apenas 600 mil kwanzas pelo terreno por ter sido considerado rural, ainda que se destinasse a uso urbano.
Rafael Marques tem enfrentado vários processos movidos por pessoas ligadas ao poder e em 2014 foi condenado a uma pena suspensa de seis meses de prisão no caso Diamantes de Sangue, que aguarda a decisão final do Tribunal Supremo.
Daniel Jonas Pensador