Quarta, 01 de Mai de 2024
Follow Us

Quarta, 18 Mai 2016 14:13

Igreja Católica diz que crescimento do país está a ser travado pela má gestão e corrupção

Crise atual acontece porque «houve mau uso do erário público», frisa vice-presidente da Conferência Episcopal

O vice-presidente da Conferência Episcopal de Angola afirmou que o crescimento do país está a ser travado pela má gestão, a corrupção e a falta de ética, e realça a importância de apostar em setores como a educação e a saúde.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. José Imbamba abordou a crise económica na nação lusófona, salientando que ela tem raízes bem mais profundas do que a atual “baixa do preço do petróleo”.

“Quando o petróleo estava em alta, tivemos superavits que deveriam responder nesta hora crítica que o país está a viver, mas houve mau uso do erário público”, lamentou o responsável católico, apelando a uma reflexão séria sobre “problemas que, se não forem atacados, tirarão ao país todas as perspetivas de desenvolvimento.

A falta de ética, a corrupção, o compadrio, o nepotismo (…) Angola é um país potencialmente rico, tem muita coisa para os angolanos viverem bem, mas a distribuição da renda nacional ainda não satisfaz as necessidades de todos, as assimetrias sociais ainda são visíveis”, frisa D. José Imbamba.

Por outro lado, “as feridas que a guerra deixou ainda estão vivas” na consciência dos angolanos.

“Todos queremos que Angola se refaça, que Angola renasça, se reconstrua, mas a verdadeira reconstrução e renascimento deve partir dos cidadãos”, sublinha o arcebispo de Saurimo.

Num Estado recente, onde os próprios políticos e governantes ainda estão “em fase de aprendizagem”, há todo um “salto de qualidade” a dar, segundo a Igreja Católica local.

No entanto, esse processo “está a ser lento porque os índices de analfabetismo são muito altos” e “a consciência cívica dos cidadãos também ainda deixa muito a desejar”, explica D. José Imbamba.

“Há todo um processo de educação a fazer, de diálogo a manter vivo, para que verdadeiramente os níveis de consciência, de dignidade, a partir do próprio cidadãos, sejam visíveis e todos possamos colaborar positiva e responsavelmente na reconstrução do país”, acrescenta.

O setor da Saúde é um exemplo que ilustra bem a letargia que marca a sociedade angolana, de acordo com o prelado.

Um setor onde “houve um grande investimento por parte do Governo na construção de hospitais e postos médicos, mas a mesma velocidade não se viu na formação dos recursos humanos”.

Isto faz com que existam “equipamentos de última geração, mas que não estão a funcionar porque não há quem os possa manusear”.

Outro problema é o desvio de recursos que poderiam ser usados no tratamento das populações para determinados projetos privados, que têm como único objetivo o lucro.

Angola está ainda a viver os efeitos de um grave surto de febre amarela, centrado sobretudo na capital Luanda, e que já vitimou centenas de pessoas.

Nos últimos dias, a polícia angolana tem travado uma luta contra a venda ilegal de vacinas contra a doença.

“Infelizmente muitos estão a criar hoje o negócio das farmácias, das clinicas privadas, muitas vezes sustentado com bens que deveriam chegar às populações desfavorecidas”, critica o vice-presidente da Conferência Episcopal de Angola.

© Agência Ecclesia

 

Rate this item
(0 votes)