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Terça, 22 Março 2016 22:12

Crise de saúde pública em Angola atribuída a lixo acumulado e carências nos hospitais

Com o avolumar dos sinais de uma crise de saúde pública em Angola, incluindo focos de doenças epidémicas como a febre amarela na cidade mais populosa do país, muitos começam a perguntar-se sobre a origem do flagelo. Há muito que são conhecidas as fragilidades do sistema de saúde angolano e os problemas de recolha de lixo. Mas, segundo especialistas, os cortes orçamentais podem ter precipitado a crise.

Mas a crise não se esgota na febre amarela: registam-se aumentos de casos de paludismo (malária), cólera e diarreias crónicas. Em Luanda e noutras cidades do país. A causa atribuída pelos especialistas é a falta de salubridade pública e ineficiência do sistema de recolha de lixo. Foi no subúrbio de Viana, um dos mais afetados pelos “montes” de lixo, que os primeiros casos de febre amarela se registaram. 

Hernando Agudelo Ospina, representante da OMS em Luanda, afirma que existe um “padrão urbano” de disseminação da febre amarela, o que é “muito mais complicado de combater e lidar”. 

“A possibilidade de contágio a outras províncias e mesmo a todo o país é muito mais elevado do que se acontecesse numa zona rural”, afirmou Ospina, citado pela Reuters.

O problema de recolha do lixo arrastou-se durante anos, apesar de milhões gastos em contratos com várias empresas. Na semana passada, foi criada pelo Presidente da República uma comissão para limpar a província de Luanda, acabando “com os grandes focos de lixo”. A sua missão inclui mobilizar as forças de Defesa, Segurança e Ordem Interna, para, num período de 45 dias, melhorar o saneamento básico na província.

A newsletter Quartz Africa adianta que os cortes orçamentais em Angola afetaram serviços básicos como a recolha de lixo e saneamento “com um elevado custo humano”. "Com o corte de serviços de recolha de lixo a atingir os 70%, houve um acentuado aumento nas doenças transmissíveis”. 

Entretanto, emergem relatos de situações de descontrolo nos hospitais. Segundo o inspector-geral do Ministério da Saúde, Miguel de Oliveira, o Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino “está a registar uma média diária de 15 óbitos, por várias doenças, situação preocupante que as autoridades sanitárias generalizam a todo o País”. Em declarações à Rádio Nacional de Angola, adiantou que a unidade hospitalar “foi já visitada recentemente pelo ministro da Saúde, Luís Sambo, por duas vezes, face à gravidade da situação”.

Uma reportagem do último jornal Expansão dá conta de falta de médicos, materiais hospitalares, camas e medicamentos para atender à maior afluência. Dá conta de esperas de 9 horas no Hospital David Bernardino, em ambiente de “agitação e confusão generalizadas”. 

As redes sociais têm sido usadas para pedidos de ajuda: oferta de materiais, medicamentos, doações de sangue. Incluindo da empresária Isabel dos Santos, no Instagram.

AM

 

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