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Sábado, 07 Novembro 2015 15:15

Igreja Católica apela ao reconhecimento de anónimos na independência

Combatentes da ELNA abandonado pelo governo do Mpla Combatentes da ELNA abandonado pelo governo do Mpla

A Igreja Católica angolana defendeu hoje o reconhecimento de todos os anónimos que contribuíram para a independência do país, mas que foram "vítimas" da "militarização" do "conceito de combatentes da liberdade".

A posição foi defendida pelos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), na Conferência Internacional sobre a Igreja Católica e a Luta de Libertação Nacional, realizada hoje no âmbito da celebração dos 40 anos de independência do país, a assinalar-se quarta-feira.

Ao discursar na abertura do evento, o presidente da CEAST, Gabriel Mbilingue, e arcebispo do Lubango, disse que não pode "passar em silêncio" a participação de angolanos na luta contra o sistema colonial, com papel interventivo na consciencialização dos cidadãos.

"Sobretudo na educação, mas que foram esquecidos, porque vítimas da militarização do conceito de combatentes da liberdade da pátria angolana ou também porque nunca se apresentaram como elementos de algum partido político ou movimento de libertação, na altura", referiu o bispo.

Gabriel Mbilingue defendeu a necessidade de se "libertar e corrigir esse conceito da prisão que o mantém pertença exclusiva dos movimentos de libertação, sem ter em conta os outros agentes de libertação, como os da resistência cultural, dos músicos, poetas, dos escritores, dos intelectuais, religiosos" e outros.

"A conferência pode ser ocasião para repensar a delicada e urgente questão da purificação da memória histórica do nosso país", mencionou o presidente da CEAST.

O prelado acrescentou que os 40 anos de independência devem servir de oportunidade para a purificação da memória histórica, para que se reforce a unidade nacional e os angolanos cada vez mais participes "na edificação de um país mais justo, mais reconciliado e capaz de viver em paz e harmonia na diferença".

O presidente da CEAST apontou ainda como um dos objetivos do colóquio a realização de uma leitura do passado e a elucidação de várias questões com que a igreja em Angola se depara ainda nos dias de hoje.

Segundo Gabriel Mbilimngue, são ainda inquietações para a igreja católica, as disparidades campo-cidade e os complexos daí resultantes, os critérios subjetivos que continuam a distribuir a riqueza nacional e a comprometer a boa governação.

Apontou ainda que entre as preocupações estão também o fraco reconhecimento da cultura como fator essencial dos povos e nações, a questão da unidade nacional como pressuposto fundamental da paz e do progresso nacional, a consciência histórica sobre as razões e os objetivos da luta para a conquista da independência.

Lusa

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