"O fascismo em Angola está a emergir e devemos acabar com isso antes que se torne extremamente perigoso, não só para o resto da sociedade, mas até para a sobrevivência do próprio poder porque são atos erráticos para aqueles que detêm o poder e que demonstram algum desespero", disse à Lusa Rafael Marques.
O jornalista e ativista angolano recebeu o Prémio Allard para a Integridade Internacional, instituído em 2013, pela Universidade canadiana de British Columbia (UBC), no valor de cem mil dólares (89 mil euros), considerado como uma das maiores distinções mundiais para o reconhecimento dos esforços no combate à corrupção e na defesa dos direitos humanos.
"Este prémio oferece um outro tipo de visibilidade em Angola e expõe Angola - cada vez mais - a uma audiência internacional que começa a compreender e a despertar para a grave situação que se está a viver no país", afirmou, acrescentando que, durante a cerimónia de atribuição do prémio, apelou pela libertação dos presos políticos.
"Aproveitei esta oportunidade para falar dos 15 presos políticos acusados de tentativa de rebelião e de tentativa de golpe de Estado e basicamente apelar ao Presidente, a partir desta plataforma internacional, para aquilo que está a ser o crescimento do fascismo em Angola, no seio do seu Governo e nos atos do seu Governo", disse.
O ativista referiu que o prémio é inspirador para continuar "empenhado" na causa dos direitos humanos e da luta contra a corrupção.
"É uma grande honra porque venho de um país governado por uma cleptocracia, onde a corrupção é a norma diária e ganhar um prémio por lutar contra a corrente deve inspirar e moralizar todos aqueles que já pouco acreditam que é possível viver numa sociedade diferente que seja governada pelas leis e pela honestidade e por valores morais que muito precisamos. Só podemos ter um verdadeiro Estado de direito quando tivermos a capacidade de respeitar a vida humana, de respeitar o outro. Isso falta em Angola", concluiu.
Rafael Marques, autor do livro "Diamantes de Sangue", encontra-se em Vancouver, no Canadá, e desloca-se aos Estados Unidos no início da próxima semana "para contactos com a Administração Obama", em Washington.
Lusa