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Sexta, 22 Mai 2015 10:51

Governo angolano esclarece Corpo Diplomático sobre acontecimentos do Monte Sumé

 

O Ministério das Relações Exteriores, em conjunto com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, o Ministério do Interior e a Polícia Nacional, promoveram quarta-feira um encontro com os membros do corpo diplomático acreditado na em Angola 

O Ministério das Relações Exteriores, em conjunto com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, o Ministério do Interior e a Polícia Nacional, promoveram quarta-feira um encontro com os membros do corpo diplomático acreditado na em Angola para abordar a posição do Estado relativamente ao pronunciamento do Alto Comissariado Nações Unidas para os Direitos Humanos sobre a situação ocorrida no passado mês de Abril no Monte Sumé, província do Huambo.

O governo apresentou aos diplomatas a sua versão dos acontecimentos ocorridos no Monte Sumé nomeadamente o número de mortos, civis e polícias, sobre a investigação e sobre o processo de reintegração das vítimas da seita " A Luz do Mundo" na sociedade.

Na ocasião o Ministério do Interior fez a cronologia dos acontecimentos ocorridos em cinco províncias, que culminaram com o acto de confronto com agentes da autoridade em cumprimento do mandato judicial emitido pela Procuradoria da República.

Segundo a agência estatal de notícias Angop, "os membros do corpo diplomático acreditado na República de Angola agradeceram a pertinência do encontro e reconheçaram o esforço do Estado para investigar as acções ocorridas e dirimir as suas consequências nos cidadãos afectados."

A iniciativa do governo ocorreu depois de pressões internas e internacionais para a abertura de uma investigação independente aos acontecimentos, na sequência de informações e relatos vindos a público sobre alegada chacina cometida por forças policiais que teria causado centenas de mortos entre os seguidores da seita "A Luz do Mundo", liderada por Julino Kalupeteka, entretanto preso.

O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) em Genebra, na Suíça, pediu que fosse nomeada uma comissão independente para investigar os confrontos na Serra Sumé.

Segundo o organismo da ONU, há "fatos por esclarecer" e "grandes diferenças no número de vítimas". As autoridades falam em nove polícias mortos e 13 vítimas entre os fiéis. Mas outros relatórios referem uma centena de mortos e a oposição angolana contabilizou mais de mil mortos.

O pedido de inquérito caiu mal ao Governo angolano. No último dia 15, Luanda repudiou as declarações da ONU. Em nota, Luanda disse que "não são sustentadas por quaisquer provas" e que foram "amparadas por falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente irresponsáveis, com a intenção de difamar" o país.

A reacção de Angola foi inesperada, disse, na ocasião, à DW África (Deutshe Welt, a rádio pública da Alemanha) o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville. "Fiquei um pouco surpreendido porque há sérias alegações de que algo aconteceu. Segundo a versão das autoridades, morreram nove polícias e 13 civis. E isso já é suficiente para ordenar uma investigação".

O porta-voz do ACNUDH acredita que "é do interesse do Governo que seja feita uma investigação independente e transparente, porque se essa versão dos eventos for verdadeira, isso só iria ajudá-los." ACNUDH esclarece que se limitou a fazer um "pedido básico" e que reage desta forma sempre que há mortes de civis.

Sublinha também que não está a "fomentar especulações", como acusa o Governo de Luanda. Por isso, "não haverá nenhum pedido de oficial de desculpas a Angola. Não temos nada que pedir desculpas. Só pedimos que a situação fosse esclarecida, o que é do interesse de todos", explica Rupert Colville. "Há muitos relatórios diferentes sobre o que aconteceu e não podem ser todos verdadeiros. Só precisamos de mais clareza sobre o que aconteceu."

É "crucial" que a investigação que foi iniciada pelo Governo angolano seja independente, sublinhou o porta-voz do ACNUDH.

Portugal Digital

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