Simão Hossi explicou anteriormente à Lusa que tudo aconteceu a 26 de agosto, quando decidiu, juntamente com amigos, visitar o restaurante "Café Del Mar" para momentos de lazer com amigos.
"A situação é lamentável, não tinha razão para existir. Chegamos ao restaurante e, logo depois, fui convidado a abandonar o local por entenderem que eu estava malvestido, sujo, e inadequado para o local, onde muita gente também estava vestida de forma simples", contou.
"Manifestei indignação contra a postura do restaurante, busquei justificações e eles viram-se na obrigação de chamar a segurança que, de forma violenta, me retirou do estabelecimento", contou.
Entretanto, a gerência do "Café Del Mar", numa nota de esclarecimento, refuta as acusações e refere que Simão Hossi estava "trajado de maneira desadequada e inaceitável, contrariamente às normas de decoro e de apresentação do restaurante".
O incidente tem estado a gerar uma onda de repulsa entre vários atores da sociedade civil, sobretudo nas redes sociais e meios de comunicação social, em que se condena a postura do restaurante.
O protesto de hoje envolve uma concentração à porta do restaurante.
Segundo a gerência do restaurante, "são infundadas as acusações de agressões" de que Simão Hossi diz ter sido alvo no local, recordando que, "em qualquer instituição, pública ou privada, [existem] regras de decoro e apresentação que devem ser cumpridas por todos os frequentadores".
Segundo Dito Dali, membro da organização da marcha de hoje e um dos 17 ativistas que em 2016 foram condenados a pena de prisão pelo tribunal de Luanda, o caso daquele ativista cívico "é apenas um entre muitos que acontecem todos os dias em Angola", razão pela qual se optou por realizar uma marcha para "denunciar tais atos e manifestar repúdio ante qualquer ato de racismo no país".
"Existem pessoas que são vítimas de racismo, discriminação, xenofobia e que não recorrem à justiça, porque sabem que a nossa justiça está à margem desses problemas, que a nossa justiça não é atuante. Entendemos que temos de sair e denunciar", afirmou.
No entender de Dito Dali, "é inaceitável que as pessoas sejam qualificadas em função das suas vestimentas ou do seu tom de pele".