Apesar de o Bureau Político do MPLA apelar a todos os militantes "que pretendam candidatar-se que o façam", aludindo ao "espírito do reforço da democracia interna, da unidade e da coesão no seio" do partido, o processo ainda deixa muitos de pé atrás.
Segundo alguns analistas ouvidos pelo Novo Jornal, existem "vários membros da direcção do partido interessados em concorrer, mas ainda estão a analisar minuciosamente este processo, que classificam de "muito delicado".
"É uma isca e ninguém quer, por enquanto, arriscar-se a apresentar a sua candidatura", observou um analista político, salientando que "muitos já tiveram essa intenção no passado e acabaram por ser penalizados".
A prudência reflecte-se na ausência de inscrições. "As candidaturas já estão em curso, mas até aqui não recebemos nenhum processo de um membro interessado em concorrer à presidência do nosso partido", disse ao Novo Jornal uma fonte da subcomissão, que, ao que apurámos, é liderada por Magalhães Paiva "Nvunda".
Uma outra fonte confidenciou ao NJ que, a nível dos comités provinciais da OMA, prevalece um voto unânime favorável à permanência do actual presidente do partido, José Eduardo dos Santos.
Aliás, no último congresso, realizado de 2 a 5 de Março, a organização feminina do MPLA exortou ao apoio incondicional ao líder do partido, pelos feitos alcançados para o bem-estar dos angolanos em geral, e das mulheres em particular.
A eleição partidária terá lugar no sétimo congresso ordinário, já convocado para decorrer de 17 a 20 de Agosto próximo, em Luanda.
Segundo esclareceu o Bureau Político do MPLA, a apresentação da candidatura a presidente do MPLA deve ser submetida à subcomissão de candidaturas, e tem de "ser suportada por dois mil militantes, no pleno gozo dos seus direitos estatutários, sendo pelo menos 100 militantes inscritos em cada uma das províncias".
O processo adquire interesse redobrado tendo em conta a dúvida que subsiste em relação a José Eduardo dos Santos: a 11 de Março, na abertura da 11.ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, o líder anunciou que pretende deixar a política activa em 2018, mas não esclareceu se será candidato às eleições de 2017 nem se conservará a liderança dos camaradas.
NJ