O anúncio, feito em conferência de imprensa pelo secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany, segue-se ao comunicado divulgado quarta-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola sobre quatro detenções relacionadas com o rapto e provável homicídio de dois ex-militares.
Os dois desaparecidos, presumivelmente mortos, como assumiu a PGR no comunicado, são os ex-militares Isaías Cassule e Alves Kamulingue, raptados na via pública, em Luanda, a 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação de veteranos e desmobilizados contra o governo de José Eduardo dos Santos.
"Ninguém tem dúvidas que o regime veio a público assumir os raptos e assassinatos dos nossos irmãos, porque sentiu que a verdade veio à tona e foi revelada por alguém da casa", disse Vitorino Nhany.
A UNITA responsabiliza o Presidente angolano José Eduardo dos Santos, em virtude de ser, destaca, detentor do poder absoluto em Angola.
"Não aceitamos que os principais responsáveis por estas barbaridades sejam os seus autores diretos. Nem aceitamos que seja Sebastião Martins", sublinhou o secretário-geral da UNITA, salientando que a Constituição angolana diz que "em Angola os ministros de Estado, ministros e governadores desempenham funções delegadas pelo titular do poder executivo, que é o Presidente da República".
O chefe do serviço de Inteligência e de Segurança do Estado (SINSE) de Angola, Sebastião Martins, foi demitido do cargo por José Eduardo dos Santos, tendo sido nomeado para o seu lugar, Eduardo Otávio, seu adjunto, noticiou hoje o Jornal de Angola.
Os motivos da decisão não foram revelados, mas presume-se que estejam relacionados com o alegado envolvimento de agentes do SINSE na presumível morte de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, raptados a 27 e 29 de maio de 2012 na via pública, quando tentavam organizar uma manifestação de veteranos e desmobilizados contra o Governo para reclamar alegados atrasos no pagamento de subsídios e pensões.
Segundo a UNITA, a manifestação do dia 23 será a primeira de várias manifestações, que asseguram que serão pacíficas, que deverão ocorrer em todo o país para que se exprima a "indignação pelos abusos do regime ?eduardista'".
A UNITA apelou à participação de todos os partidos e igrejas na manifestação.
Durante a conferência de imprensa, Vitorino Nhany reafirmou o convite formulado pela comissão Política da UNITA no passado dia 10 deste mês no sentido de José Eduardo dos Santos renunciar ao cargo de Chefe de Estado angolano.
LUSA
