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Sexta, 18 Outubro 2013 20:59

Discurso sobre o Estado da Nação os políticos têm a palavra

“O Presidente é prudente e não se deixa manipular”, enfatizou o deputado e chefe adjunto da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto, quando interrogado sobre o discurso presidencial.

MPLA

“O Presidente é prudente e não se deixa manipular”, enfatizou o deputado e chefe adjunto da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto, quando interrogado sobre o discurso presidencial.

No entender do dirigente do MPLA, a experiência e a maturidade política do Presidente da República permitem-no a postura que teve no seu discurso.

João Pinto saudou o Chefe de Estado “por ter tido a coragem de dizer publicamente que a corrupção é um mal universal e que nenhuma sociedade acabou com ela”.

O combate à corrupção, na reiterada opinião de João Pinto, deve ser feito com equilíbrio e não com “caça às bruxas”. “Não pode ser feito com boatos e calúnias para tentar criar uma suspeição generalizada” , disse.

O deputado do partido governamental disse que o Presidente da República, tendo em conta o palpitar da sociedade, exteriorizou aquilo que lhe vai na alma e o conhecimento que tem sobre a matéria. João Pinto manifestou-se apologista da divisão equitativa das riquezas do país, mas fez notar que nem todos podem ser ricos ou milionários.

“Se todos forem, melhor. Mas o mais importante é manter a estabilidade e existir uma soberania económica pública e privada por via do crédito e de outras formas e facilidades que o Estado pode dar”, declarou.

O deputado do MPLA disse que Portugal tem estado a desrespeitar o Estado angolano, quando interrogado, por OPAÍS, sobre o aviso lançado pelo Presidente da República.

“É muito desagradável e o Presidente teve de chamar a atenção no sentido de ter que se rever a cooperação estratégica para haja o respeito recíproco pelas instituições, das suas elites ou daqueles que representam os estados”, defendeu.

UNITA

O secretário geral da UNITA, Victorino Nhany, qualificou o discurso presidencial como sendo “mais teórico do que prático”. No entender do dirigente do “Galo Negro”, “existe uma distância muito grande relativamente ao discurso e aquilo que na prática acontece”.

Nhany ilustrou que as referências feitas em relação ao abastecimento de água e energia ao país “não corresponde à verdade que cerca de 58 por cento da população consome água potável”.

O secretário geral da UNITA também disse que esperava por um discurso virado para o futuro “ no sentido de podermos reconhecer aquilo que são os passivos do próprio Executivo para nos agarrarmos ao activo e prometermos mais esperança ao próprio cidadão”.

No que tange à corrupção, o responsável partidário acusou o Presidente da República de ser “ o rosto da corrupção”.

Relativamente à ameaça de suspensão da relação estratégica com Portugal, Victorino Nhany disse nunca ter havido vantagens recíprocas entre os dois países. Para ele, Portugal precisa mais de Angola do que Angola de Portugal.

O político ressalvou que devem ser mantidas as relações históricas mas ainda assim, disse que “não deve haver ganhos para uma só parte nessa relação. Portugal tem estado mais a ganhar do que Angola pelo que é necessário que se faça essa revisão para que nós também possamos ter ganhos nessa relação com Portugal” .

CASA-CE

O líder da CASA-CE considera que o discurso do Presidente da República pecou por reportar mais assuntos do passado do que do presente. Em declarações a OPAÍS, Abel Chivukuvuku disse que esperava por maiores indicadores, certezas e mais clareza sobre a que há a fazer.

“Neste aspecto o Presidente deixou as coisas na generalidade”, disse o político da oposição. Para Chivukuvuku o Presidente buscou “legitimar a riqueza de angolanos adquirida de forma imprópria”.

Embora tivesse afirmado que “ninguém está contra esta riqueza e que é preciso que os cidadãos sejam ricos”, o líder da CASA-CE defendeu que a mesma deve ser adquirida de forma aberta.

“Que não sejam só os familiares ou os próximos a terem esta riqueza e que mesma seja adquirida de forma lícita”, declarou Abel Chivukuvuku para quem a atitude do Presidente da República visou “ branquear e legitimar a riqueza obtida de forma imprópria”.

Sobre o recado dado a Portugal pelo Chefe do Executivo, o político da oposição disse haver uma relação “imatura” entre Angola e Portugal, admitindo que as lideranças políticas dos dois países não conseguem avaliar “os diferentes padrões de democracia”, fazendo com que surjam ciclicamente dificuldades de entendimento.

“Nos aqui podemos fazer as críticas que quisermos a Passos Coelho e não vai afectar a relação”, concluiu.

PRS

Para o presidente do Partido de Renovação Social (PRS), o discurso pronunciado esta terça-feira pelo Presidente angolano não difere dos anteriores. Eduardo Kuangana sustentou que o mais importante é pôr em prática aquilo que se diz .

Kuangana precisou que o discurso presidencial contraria a pratica vigente no país no que toca a reconciliação nacional.

“Queria ouvir do Presidente referências sobre a reconciliação nacional. Sobre se estamos reconciliados de facto ou não. A exclusão social continua e sentimo-la na carne” , afirmou.

Sobre a corrupção, o líder do PRS defendeu que “quando alguém pretende acumular riqueza não pode fazê-lo roubando o erário público.” Ele afirmou que não há sector da vida social ou política no país isento da corrupção. Sobre a crise diplomática entre Angola e Portugal despoletada com as declarações do Chefe de Estado, o líder do PRS pediu ponderação.

“Não fica bem porque com Portugal temos não só laços da colonização mas também familiares e de sangue”, disse o político.

Para ele, é necessário buscar soluções que protejam e normalizar esta relação “ porque o que está em causa é o nosso povo e não a elites políticas”. O PRS é a quarta força política mais representativa na Assembleia Nacional com tês deputados fruto de 98 mil 233 votos válidos o equivalente a 1,70 por cento do sufrágio.

FNLA

A interpretação do líder da FNLA, Lucas Ngonda, do discurso do Presidente da República é de que o mesmo FNLA

“abordou todas as questões pertinentes”.

Mas apesar disso, Ngonda disse esperar a aplicação prática do conteúdo das declarações do Chefe de Estado.

“Uma coisa é aquilo que se diz e outra é a prática”, observou o político.

Ngonda disse ter tomado em linha de conta a vontade expressa pelo Presidente, José Eduardo dos Santos, de “centralizar a economia angolana.

Isto é importante, porque estamos a lutar pela independência económica.

Isto pressupõe que o angolano tem de ter alguma capacidade para poder gerir-se a si próprio”.

Lucas Ngonda chamou, entretanto, a atenção para a necessidade de o angolano estar no centro das prioridades, partindo da boa distribuição do rendimento nacional.

Para ele, a actual política empresarial tem dado benefícios a apenas alguma elite do MPLA.

“Há pessoas do MPLA que já estão muito ricas”, observou. Por sua vez, o Bloco Democrático (BD) considerou, em comunicado de imprensa, que o Presidente da República, “mais uma vez, fez o seu auto-elogio, revelando os meandros mais escondidos da política nacional e internacional.” Para esta formação sem assento parlamentar, o Chefe do Executivo “ignorou completamente as consequências sociais e humanas da estiagem no sul de Angola que, afinal, já dura há 3 anos, em algumas províncias nomeadamente do sul do Pais.

O insólito

A bancada parlamentar da UNITA protagonizou esta terça-feira uma insólita manifestação de protesto que  pode ter apanhado em contra-mão os serviços de segurança da Assembleia Nacional.

Quando menos se esperava, os deputados do “Galo Negro” lograram interromper as primeiras palavras do Chefe de Estado exibindo, em simultâneo, a partir da sua bancada, entre seis a oito dísticos com frases de protesto em letras garrafais.

 Foi notório algum mal-estar geral entre os deputados do MPLA e convidados e até mesmo alguma compreensiva preocupação dos serviços de segurança presidencial.

A partir da sala, onde foi confinada a imprensa, a muito custo se podiam decifrar os dizeres dos protestos e o episódio pode ter passado despercebido para quem esteve menos atento às imagens da TPA.

OPAÍS soube, entretanto, que, no geral, os protestos estampados nos dísticos iam, mais ou menos, de encontro ao espírito da carta da oposição parlamentar dirigida à direcção da Assembleia Nacional no dia 10 de Outubro em que se exigia a liberdade de imprensa, o pluralismo político e transmissão, em directo, das sessões parlamentares na comunicação social pública.

Na mensagem, subscrita por todos os representes da oposição parlamentar exigia-se a participação inclusiva da sociedade na Sessão inaugural do II ano Legislativo, designadamente, os responsáveis de órgãos da comunicação social privados, bem como de Organizações da Sociedade Civil.

O PAIS

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