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Quarta, 12 Março 2014 07:02

Petrolíferas provocam boom imobiliário em Cabinda

A falta de casas para alojar os trabalhadores estrangeiros das plataformas petrolíferas e mesmo os habitantes locais está a impulsionar novas construções imobiliárias.

A falta de casas perto do complexo residencial da Chevron, na província de Cabinda, está a impulsionar um boom na construção, que após mais de uma década de paz tem necessidade de mais habitações.

O crescimento da indústria de petróleo no País tem ajudado a que se verifique uma escassez imobiliária em Cabinda, onde o projecto Mafumeira Sul, onde está localizada a Chevron, está a fazer com que nasça praticamente uma outra cidade. A Chevron está a investir 5,6 mil milhões USD (546 mil milhões Kz) no mar de Cabinda e, embora a empresa abrigue cerca de seis mil pessoas no Malongo, construído na década de 60, existe agora uma necessidade de a petrolífera americana procurar novos alojamentos para os seus funcionários.

A diminuta oferta imobiliária naquela região fez aumentar exponencialmente os preços das casas e criou, ao mesmo tempo, uma proliferação de instalações básicas. Só em projectos imobiliários, estão previstos investimentos de 200 milhões USD (19,5 mil milhões Kz) para albergar não só cabindenses, mas também estrangeiros de empresas como a Schlumberger, a maior companhia de serviços de campos petrolíferos do mundo, e que vão ajudar o Estado, ao mesmo tempo, a integrar as companhias de petróleo na economia em geral.

"Malongo parece uma colónia, e temos de acabar com isso, porque a guerra acabou", afirmou à Bloomberg Gianni Martins, um engenheiro de petróleo da companhia petrolífera estatal Sonangol. "Os expatriados têm necessidades, os locais têm serviços, e o que temos de fazer é juntá-los."

O projecto Futila Sea Breeze Condominium, um investimento de 100 milhões USD (cerca de 10 mil milhões Kz), vai abrir a primeira de suas 464 unidades de luxo em 2015, disse Pedro Godinho, presidente da Servicab SA.

Ali perto, a vizinha Malembo Development Center (MDC), um investimento 97 milhões USD (9,5 mil milhões Kz), está a ser construída pela Operatec e OPI International, vai já alojar 280 trabalhadores dos 1.440 previstos de empresas como a Schlumberger, Saipem e Fugro, a maior firma de exploração sísmica em águas profundas.

O complexo Malembo, a ser construído ao longo de quatro fases, inclui piscinas, academia de ginástica, restaurante comum e 600 metros quadrados de lojas ligadas à distribuição destinadas a empresas de Cabinda, está a apenas três quilómetros e meio de Malongo.

"O centro vai servir as necessidades da Chevron e a comunidade em geral, uma vez que está aberto não só para os trabalhadores do petróleo, mas também para os habitantes locais que prestam serviços", disse Clay Etheridge, director do MDC, acrescentando que este projecto é "uma vitória para a comunidade e para o sector de petróleo".

Os 1.200 hectares do complexo de Malongo tornaram- -se numa verdadeira fortaleza para sobreviver à guerra da independência (1961-1975) e, mais tarde, a uma guerra civil de 27 anos. Empresas como a francesa Total, a brasileira Braspetro e a italiana Eni têm campos petrolíferos offshore em frente à província, que contribui com cerca de um quarto da produção de Angola.

A capital da província é repleta de pequenos edifícios inacabados ou abandonados. A governadora, Aldina Matilde da Lomba, iniciou o ano passado um programa para melhorar a área central e as estradas. Além disso, o porto principal foi dragado e ampliado, enquanto o porto de águas profundas está a ser reconstruído. A Vila Olímpica, construída inicialmente para os veteranos de guerra civil, está a ser alugada agora aos trabalhadores do petróleo, afirmou Pedro Sia, porta-voz da governadora.

Luís Franque, chefe de gabinete de Macário Lembe Romão, vice-governador para Assuntos Económicos, negou que a vila tenha sido construída para os veteranos da guerra e adiantou que o Governo construiu 150 casas no Condomínio Santa Catarina para os soldados.

"As pessoas vêem as multinacionais a arrecadarem milhões em dinheiro com os seus recursos e não recebem nada por isso", afirmou Pedro Godinho, da Servicab, acrescentando que algumas "que estão a morrer à fome e têm uma AK-47 na mão não têm nada a perder".

A Halliburton, um dos maiores fornecedores mundiais de serviços de fracturação hidráulica, também está a construir alojamentos em Cabinda para os seus trabalhadores, mas não avançou com mais pormenores.

António José Gouveia, com Bloomberg

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