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Segunda, 25 Março 2024 17:49

Opositor Basilou Diomaye Faye, de 44 anos, vence as eleições presidenciais do Senegal

O opositor antissistema Bassirou Diomaye Faye, que ainda há dez dias estava na prisão, vai tornar-se Presidente do Senegal após Presidente cessante, Macky Sall, o ter felicitado como seu sucessor, saudando "uma vitória para a democracia senegalesa", depois de o rival de Faye, Amadou Ba, ter cedido a corrida e apresentado felicitações.

Sall não se podia candidatar por ter já cumprido dois mandatos.

Os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, sugeriam que Faye, de 44 anos, poderia ter obtido uma maioria absoluta. As tendências anunciadas nos meios de comunicação locais deram origem a celebrações de rua por parte dos seus apoiantes na capital, Dakar.

O candidato da coligação governamental, Amadou Ba, de 62 anos, reconheceu hoje a vitória do opositor Bassirou Diomaye Faye na primeira volta das eleições presidenciais de domingo.

"Tendo em conta a evolução dos resultados das eleições presidenciais e enquanto se aguarda a proclamação oficial, felicito (...) Bassirou Diomaye Diakhar Faye pela sua vitória na primeira volta", declarou Adamou Ba em comunicado.

O porta-voz do Governo, Abdou Karim Fofana, afirmou que Ba tinha telefonado ao seu adversário para o felicitar.

Sete milhões de senegaleses foram chamados às urnas no domingo para escolher o Presidente numa eleição em que os seus maiores protagonistas não vão a votos e pode resultar numa mudança profunda nas relações externas do país, regionais e internacionais.

Entre os 16 homens e uma mulher inscritos no boletim de voto, os dois favoritos - Bassirou Diomaye Faye, pela oposição, e Amadou Ba, pela coligação no poder, Benno Bokk Yakaar (BBY, Unidos pela Esperança, em wolof) - foram escolhas pessoais de duas individualidades políticas excluídas do escrutínio: o Presidente cessante, Macky Sall, e o líder da oposição, Ousmane Sonko.

Bassirou Diomaye Faye apresentou-se como uma figura antissistema, tendo sido a figura escolhida pelo Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef, partido ilegalizado em meados do ano passado pelo regime de Macky Sall), para representar a oposição, perante a impossibilidade de Sonko, 49 anos, antigo presidente da câmara de Zeguinchor, concorrer.

Ousmane Sonko foi perseguido ao longo do último ano pela justiça senegalesa, que o condenou por um crime sexual, mas também por incitamento à insurreição, associação criminosa no âmbito de um projeto terrorista e atentado à segurança do Estado.

A sua retórica soberanista e pan-africanista, assim como as declarações contra a "máfia do Estado", as multinacionais e o domínio económico e político, que considera ser exercido pela antiga potência colonial - a França -, granjearam-lhe um forte apoio entre os jovens, que constituem metade da população.

Sonko e Faye estiveram detidos até há pouco mais de duas semanas, tendo apenas sido libertados na sequência de uma amnistia assinada por Macky Sall, depois de defraudada pelo Conselho Constitucional senegalês, a entidade responsável por supervisionar o processo eleitoral, a tentativa para adiar estas eleições para dezembro.

Amadou Ba, primeiro-ministro até há pouco mais de duas semanas, foi a segunda escolha de Macky Sall - impedido constitucionalmente de se recandidatar a um terceiro mandato -, para empunhar a bandeira da BBY na corrida à eleição do quinto presidente do país desde a sua independência de França em 1960.

A votação estava inicialmente prevista para 25 de fevereiro, mas um adiamento de última hora provocou distúrbios e várias semanas de confusão que puseram à prova as práticas democráticas do Senegal.

Com uma população de 18 milhões de habitantes, o Senegal é um dos países mais estáveis de uma África Ocidental abalada por golpes de Estado, que tem mantido fortes relações com o Ocidente.

O discurso da oposição na campanha para estas eleições presidenciais foi sentido como portador de algumas ameaças pelo estrangeiro, que está a seguir o processo com particular atenção.

A dupla Sonko/Faye prometeu, caso seja poder, renegociar os contratos de exploração mineira e de energia que farão do Senegal um produtor de petróleo e gás natural a partir do final do ano.

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