"Ainda subsistem desafios na transformação da nossa economia e combate à corrupção", afirmou Filipe Nyusi, falando no discurso de encerramento da III Sessão Ordinária do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder e de que o chefe de Estado é também presidente.
Caso a Frelimo continue no poder, prosseguiu, a luta contra o desvio de recursos públicos continuará uma prioridade no ciclo de governação que se inicia após as eleições de 15 de outubro.
O combate à corrupção em Moçambique está na ordem do dia, com a detenção de várias figuras próximas da Frelimo, no âmbito do processo judicial sobre as chamadas dívidas ocultas e outros casos relacionados com o desvio de fundos públicos.
O presidente do partido no poder defendeu a necessidade de o país usar os ganhos dos recursos naturais para a transformação estrutural da base produtiva e da economia.
"As nossas prioridades serão concentradas no desenvolvimento do capital humano, emprego, competitividade e desenvolvimento de infraestruturas económicas e sociais", declarou Filipe Nyusi.
Numa altura em que a sua liderança na Frelimo tem sido publicamente questionada, Filipe Nyusi fletiu depois o seu discurso para o interior do partido, exigindo disciplina e respeito pelos estatutos da organização que dirige.
"Vincamos a necessidade de observância dos princípios de isenção, imparcialidade, independência, discernimento e respeito dos estatutos e regulamentos do partido", frisou o presidente do partido no poder.
Filipe Nyusi assinalou que a Frelimo sai da reunião do Comité Central coesa e unida, condição essencial para a vitória nas próximas eleições gerais.
"Um impulso interior nos levou a afirmar que sairíamos daqui mais unidos e coesos e melhor preparados e motivados para fazer face à nossa agenda comum", destacou.
A III Sessão Ordinária do Comité Central da Frelimo foi marcada pela consagração da recandidatura de Filipe Nysi a mais um mandato na Presidência da República, afastando-se o espetro de uma contestação à sua liderança, alimentada por uma confrontação aberta com Samora Machel Júnior, filho do falecido e histórico primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel.
Samora Machel Júnior propôs antes da reunião do Comité Central da Frelimo a abertura de um processo disciplinar a Filipe Nyusi, acusando-o de violar os estatutos do partido.
O militante da Frelimo culpa Filipe Nyusi por ter visto a sua candidatura a autarca de Maputo bloqueada pela Frelimo nas eleições autárquicas de 10 de outubro do ano passado.
Samora Machel Júnior tem o apoio da sua madrasta, a influente Graça Machel, também membro do Comité Central da Frelimo, o órgão mais importante do partido no intervalo entre os congressos, que afirmou publicamente que, como mãe", sente-se no dever de ficar ao lado do "filho" nas suas reivindicações políticas.