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Sábado, 27 Setembro 2014 07:27

Anselmo Ralph o músico mais caro do Festisumbe 2014

Num universo de vários artistas, provenientes de diversos pontos do globo, a banda de Anselmo Ralph foi a mais cara, recebendo 4 milhões de kwanzas (quais 40.000 dólares )da organização do Festival Internacional de Música do Sumbe (FestiSumbe 2014), que decorreu no último fim-de- semana, na província do Kuanza-Sul.

O evento de carácter anual juntou cerca de 30 músicos, entre nacionais e estrageiros. Num clima de festa e bastante euforia, a XIV edição do FestiSumbe foi organizado num espaço de 20 mil e 600 metros quadrados, com mais de 300 mil watts de som e de luz.

Em entrevista a O PAÍS, o director provincial da Cultura, Manuel da Silva, revelou que dentre os artistas que pisaram o palco do FestiSumbe 2014, Anselmo Ralph (e a sua banda) foi o cantor mais caro, justificando que o pagamento esteve assente em determinadas condições.

O nosso entrevistado explicou que o ‘caché’ não foi uniforme para todos, mas “alternou de artista para artista”, o tempo no mercado, o número de integrantes na banda e a actualidade, foram as razões que fizeram que o Anselmo fosse o artista mais caro do evento.

“O Anselmo Ralph tem um leque de actividades dentro e fora do país. Para que a sua presença estivesse garantida no FestiSumbe, tivemos que desembolsar esse valor. Isso não quer dizer que os outros músicos são menos importantes”, referiu Manuel da Silva.

O responsável da Cultura do Kuanza- Sul reconheceu, por outro lado, que os músicos locais ainda têm um caché muito baixo, relativamente a outros artistas, assegurando que a mesma realidade será ultrapassada nas próximas edições. Acrescentou ainda, que houve artistas que receberam 100 mil kwanzas, facto que entristeceu o responsável.

Dúvidas sobre o Festisumbe 2014

Muitas pessoas se mostraram cépticas sobre o sucesso do Festival Internacional de Música do Sumbe, devido à mudança do local e da fraca publicidade, relativamente às edições passadas.

Foi o caso de Belmiro Camilo, de 36 anos, que frequenta regularmente as edições do festival. Ele, disse, inicialmente, que o FestiSumbe seria um ‘fracasso’, mas depois louvou a persistência da organização bem como da produção, pelo sucesso.

“Sinceramente, não via com bons olhos, nem esperava êxito nesta XIV edição do FestiSumbe, porque a troca do espaço tradicional fez com que me desmoralizasse, mas pelo visto nem com isso abalou a maior festa da nossa província”, declarou Belmiro Camilo.

O cidadão chamou a atenção de outros munícipes para preservar e conservar os sítios verdes da província e o resgate da cultura que se vê ultrapassada no tempo, que somente desse jeito o país pode crescer em todas as esferas.

Quem clamou por mais apoios e organização nas exposições feitas na calçada da marginal, foi o artista plástico, Vado Lima, de 43 anos, da província de Benguela, que aproveitou pedir ao Governo do Kuanza- Sul, a disponibilização de barracas condignas para o exercício da actividade em melhores condições.

O artista plástico sublinhou que o FestiSumbe tem sido um potencial mercado para mostrar o seu trabalho, mas a falta de organização poderia perigar o êxito do evento. Disse ainda, que a experiência que teve com outros artistas foi sem sombras de dúvidas agradável e proveitosa. As sandálias de cabedal, chinelas e pulseiras, foram alguns dos produtos artesanais que o nosso entrevistado mais comercializou.

“Todo o músico almeja participar”

A banda TII Swing Guadalupe esteve em grande, acompanhando os músicos Alex Aléxis, Thierry Cham e Yves Honore – Experience 7. O músico cabo-verdiano, Leonel de Almeida, mesmo aos 60 anos, não deixou os seus créditos em mãos alheias.

Após a sua actuação contou-nos que quando foi convidado, havia ficado preocupado e céptico, porque pensava que se tratava de um festival de kuduro e de kizomba, mas “foram momentos extraordinários que vivi e só tenho de agradecer a organização pelo excelente trabalho”.

Fedy Kalupeteca não escondeu a sua alegria e agradeceu ao público pelo afecto, e, em particular, à organização, acrescentando que é sempre uma honra fazer parte de uma actividade daquela dimensão. “É um festival que qualquer músico almeja participar e estou a aproveitar para mostrar o meu trabalho, porque estão aqui presentes pessoas de todo o país e não só”, disse Fedy.

A mesma alegria contagiou aquele que é considerado como uma das vozes mais potentes do nosso semba, Bangão, que no seu jeito característico fez cantar e pular todos os presentes. “O FestiSumbe é um evento que abarca os melhores artistas do nosso music-hall e é uma honra fazer parte deste elenco. O público foi, simplesmente estrondoso”, referiu Bangão.

FestiSumbe atrai expositores

Mais de 300 expositores vindos de todos os pontos do país expuseram os seus produtos na maior festa da província do Kuanza-Sul, FestiSumbe 2014.

A marginal daquela cidade esteve lotada e brilhante com as diversas obras expostas ao ar livre. T-shirts, chinelas, CD’s, roupas de praia, livros, esculturas e quadros, foram os mais procurados pelo público, que visitou a feira.

O artesão Teta Caifalo, de 39 anos, da província do Uíge, contou a O PAÍS que o FestiSumbe é para ele, uma tradição e prepara-se ao longo do ano para mostrar as suas obras aos visitantes do certame.

“Todos os anos venho aqui apresentar e vender os meus produtos artesanais.Para esta edição trouxe chinelas, pastas, pulseiras e peças de arte”, descreveu Teta.

Para Albertina Gomes, de 32 anos, a realidade não é diferente, o festival, para ela teve um único propósito, o de vender as peças de arte, reconhecendo que a deslocação de Luanda ao Sumbe valeu a pena, pois só no primeiro dia, já havia vendido uma quantidade aceitável.

A artesã garantiu a O PAÍS que nas próximas edições vai se fazer presente, porque o evento alberga vários turistas, nacionais e internacionais o que facilita no escoamento das obras.

Na ocasião, o director da Cultura, Manuel da Silva, chamou à atenção dos expositores para exercerem as suas actividades de maneira regularizada, aconselhando-os a inscreverem- se na Administração Municipal do Sumbe e no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), para que sejam assegurados, caso haja um acidente de trabalho.

Calemas provocam mudanças

No que diz respeito a mudança do espaço, várias pessoas recearam sobre o actual local, que fica junto à Igreja Católica. Manuel da Silva disse que as calemas, as erosões e construções fizeram com que o espaço tradicional ficasse cada vez mais pequeno e obrigasse a organização a mudar de estratégias. Segundo o director provincial da Cultura, a organização do referido festival gastou mais de 100 milhões de kwanzas, incluindo o palco, as luzes, o saneamento, o som e o caché dos músicos. Mais de três empresas trabalharam para o êxito da XIV edição do FestiSumbe, nomeadamente Vriluz, Sector 7 e a Casa 70, que produziu a festa.

OPAIS

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