O Los Angeles Clippers encara o Golden State Warriors na primeira rodada dos playoffs da NBA. Depois de ter perdido o primeiro duelo dentro de casa, conseguiu retomar o mando de quadra da série ao ganhar um duelo como visitante e agora lidera por 2 a 1. O quarto embate acontece neste domingo, mas esse não é o único assunto pelo qual o nome da franquia tem sido comentado neste final de semana. Tudo por causa de Donald Sterling, dono dela.
Sterling é um empresário bilionário de 81 anos que nasceu em Chicago. É dono do Clippers desde 1981, quando desembolsou US$ 12,5 milhões para comprar a franquia e levá-la de San Diego para Los Angeles. Nesta sexta-feira, o site norte-americano TMZ publicou o áudio de uma conversa quente por telefone entre Sterling e a namorada, a modelo V. Stiviano, na qual ele pede para ela não levar mais negros aos jogos no Staples Center — casa das equipes de Los Angeles. A discussão foi motivada por uma foto que Stiviano postou em seu Instagram ao lado de Magic Johnson.
Veja abaixo algumas das declarações de Sterling à namorada durante a conversa:
“Me incomoda bastante que você queira divulgar que está se associando a pessoas negras. Você precisa mesmo fazer isso?”
“Você pode dormir (com negros), fazer o que quiser. A única coisa que peço é que você não promova isso. E não os traga aos meus jogos”
“Só estou dizendo que, neste seu Instagram de merda, você não precisa estar acompanhada de um negro”
“Não o coloque (Magic Johnson) no Instagram para o mundo todo ver e as pessoas me telefonarem. E não o traga mais aos meus jogos”
Depois de publicar o áudio, o TMZ procurou Magic Johnson para comentar as declarações racistas, e ele disse o seguinte: “É uma vergonha que Donald Sterling pense que sua namorada não deva levar pessoas negras para os jogos dos Clippers. É uma vergonha que ele pense isso dos afro-americanos. Ele tem um time cheio de grandes jogadores afro-americanos que estão trabalhando para conquistar o campeonato para os torcedores do Clippers. O Clippers também tem uma forte torcida com base nas minorias”.
Magic foi perfeito. Tocou em um ponto muito importante. Muitos jogadores do Clippers são negros. O técnico, Doc Rivers, também é. São eles os principais responsáveis pelo fato de a franquia finalmente estar em posição de sonhar alto na NBA, após anos de fracassos após fracassos.
Um negro não pode ter qualquer tipo de contato público com a namorada, mas não tem problema se alguns deles conduzirem o Clippers às vitórias. Aparentemente, esta é a lógica de Sterling. Além de racista, é um hipócrita.
Mike Bass, porta-voz da NBA, disse em um comunicado neste sábado que o áudio está sendo investigado e classificou os comentários como “perturbadores e ofensivos”. Mas antes de a liga resolver fazer alguma coisa a respeito, quem deveria se posicionar nesta questão são os próprios jogadores do Clippers.
São eles os responsáveis pelo fato de a franquia viver dentro de quadra seu melhor momento da história — não Sterling, que se mostrou um grande incompetente nas últimas décadas no que diz respeito à competitividade da franquia. Estão em posição na qual podem defender todos que se sentiram ofendidos pelos comentários, e é importante deixarem bem claro que não concordam com o que foi dito.
Até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se posicionou sobre o tema.
- Quando as pessoas ignorantes querem anunciar sua ignorância, você realmente não tem que fazer nada, é só deixá-los falar. Foi o que aconteceu aqui. Os vestígios de discriminação ainda estão lá. Fizemos enormes progressos, mas vamos continuar a ver alguém se infiltrar de vez em quando - disse o presidente à CNN e a outras agências de notícias.
Vale lembrar que está não é a primeira vez que Sterling se mostra racista. Ele já foi processado duas vezes pelo governo federal por se recusar a alugar apartamentos para negros e latinos. Foi processado também pelo ex-jogador Elgin Baylor, que o acusou de discriminação racial em 2009, época em que ocupou um cargo executivo no Clippers. Neste caso, porém, acabou sendo inocentado, pois o júri entendeu que não existiam provas o suficiente para condená-lo.
Globo.com
