Os dados, compilados hoje pela agência Lusa, resultam de um relatório mensal do Banco Nacional de Angola (BNA), que refere que em todo o mês de junho os bancos compraram 810,41 milhões de dólares (725 milhões de euros) em divisas no mercado cambial.
Deste total, as vendas do BNA ascenderam a 692,65 milhões de dólares (619 milhões de euros), enquanto os restantes 117,76 milhões de dólares (105,4 milhões de euros) foram adquiridos diretamente a clientes, essencialmente petrolíferas que operam no país.
Em todo o mês de junho mas de 2015, os bancos angolanos compraram 2.428 milhões de dólares (2.173 milhões de euros) de divisas, o equivalente a 73 milhões de euros por dia.
Apesar da quebra de 66,6% face ao mesmo mês do ano anterior, os bancos angolanos até viram o acesso a divisas crescer 3,28% entre maio e junho últimos, segundo o BNA.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,714 kwanzas por cada dólar e nos 186,268 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada à volta dos 580 kwanzas.
Na revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016, em curso, o Governo prevê desvalorizar a moeda nacional até aos 215,5 kwanzas por cada dólar norte-americano e aumentar a injeção semanal de divisas nos bancos.
A falta de divisas dificulta por exemplo a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).
Lusa