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Segunda, 29 Fevereiro 2016 13:50

"Não sou financiada por dinheiro estatal nem por fundos públicos" - Isabel dos Santos

Depois de iniciada a averiguação pela Comissão Europeia, a empresária angolana deu uma entrevista ao Wall Street Journal, recusando qualquer ajuda por parte do pai, presidente de Angola. "Ele é muito ocupado, eu também".

Isabel dos Santos rejeita qualquer uso de dinheiro do Estado angolano para seu benefício próprio. Aliás, a empresária angolana diz que raramente vê o pai, o presidente angolano, José Eduardo dos Santos. "Ele é muito ocupado, eu também".

A afirmação é feita numa entrevista ao Wall Street Journal, publicada este sábado, 27 de Fevereiro. Uma das suas raras entrevistas, dado que Isabel dos Santos não costuma fazê-lo. Desta vez, fá-lo pouco depois de a Comissão Europeia ter questionado sobre a "conformidade da compra da empresa portuguesa Efacec por Isabel dos Santos, filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos".

A aquisição, feita através da sociedade Winterfell, foi defendida já em comunicado. Mas voltou a sê-lo na entrevista. Ao Wall Street Journal, Isabel dos Santos diz que a compra da empresa foi feita pelo seu próprio bolso, com o apoio de bancos comerciais. 

Essa ideia foi deixada por várias vezes ao longo da entrevista, onde conta que começou a sua fortuna abrindo um pequeno bar chamado Miami Beach, que se tornou numa das discotecas mais caras de Lisboa. "Eu sempre tive o desejo de viver por mim e não com a ajuda dos meus pais", afirmou ao jornal.

"Eu não sou financiada por dinheiro estatal nem por quaisquer fundos públicos", declarou Isabel dos Santos, que detém uma participação de 18,6% no Banco BPI, grupo que controla o BFA, em Angola. Sobre a proposta de compra que fez por 10% do BFA (para respeitar as regras impostas pelo Banco Central Europeu), diz que foi ao preço "justo" - a proposta de compra por 140 milhões foi rejeitada. 

Sobre o tema, Isabel dos Santos diz compreender a obrigação imposta pelo Banco Central Europeu para que o BPI reduza a sua exposição a Angola – o BCE precisa de mitigar os riscos externos, argumenta.

A mais recente polémica sobre Isabel dos Santos prende-se com o BPI mas pelo facto de a posição que lhe é imputada ser superior aos 18,6% que tem através da Santoro. Na sexta-feira passada, o Banco BIC, onde é accionista maioritária, revelou ter 2,28% do banco liderado por Fernando Ulrich. O Público avança hoje que a posição já é antiga mas o banco, por si, tinha apenas 1,9% e dois seus administradores detinham 0,38%, mas nunca consolidaram as duas posições – tal só foi feito na sexta-feira depois de obrigados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Em entrevista ao Negócios dada na semana passada, o marido de Isabel dos Santos, Sindika Dokolo, defendeu que a sua mulher deveria ser tratada com menos preconceitos: "A Isabel, em todos os projectos que desenvolveu, nunca vendeu nenhum. Uma pessoa que fosse um predador e fizesse tráfico de influência o que faria era assumir uma posição com condições preferenciais e depois revendê-la. A Isabel nunca vendeu qualquer activo nem nenhuma empresa". 

TOME NOTA

O que Sindika Dokolo disse ao Negócios sobre as poucas entrevistas de Isabel dos Santos.

Porque é que Isabel dos Santos persiste em não falar com a imprensa, em especial com a portuguesa?

O mundo dos negócios não é o da política. Os políticos têm de gerir uma percepção. O que às vezes não se percebe em Portugal é que os verdadeiros capitães da indústria têm de se concentrar nos factos e não na percepção. A Isabel tem responsabilidades, tem milhares de trabalhadores, tem responsabilidades para com parceiros, investidores, bancos, etc., e essa questão de dizer que fazer negócios é ir gerindo a opinião pública não é a cultura dela. Eu respeito isso.

JN

 

     

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