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Sexta, 06 Março 2015 15:43

Isabel dos Santos declara guerra à OPA do CaixaBank

A empresária angolana usou o relatório do conselho do BPI para declarar guerra à oferta catalã. O representante de Isabel dos Santos critica a "falta de proximidade" com as operações africanas do banco. E apela a que o BPI analise a fusão com o BCP.

Isabel dos Santos recusa a oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank e apela a que o BPI analise uma eventual fusão com o BCP, na sequência do convite endereçado pela empresária angolana aos dois bancos e ao grupo catalão. É com estas mensagens, transmitidas na declaração de voto do seu representante no conselho de administração do grupo de Fernando Ulrich, que a segunda maior accionista do BPI declara guerra à OPA do CaixaBank.

A oferta é "inoportuna" por haver o risco de afastar o BPI da corrida ao Novo Banco. E "pode pressupor a saída de mais 1.800 colaboradores" da operação doméstica do banco. O grupo catalão tem "falta de proximidade cultural" com os projectos em Angola e Moçambique e os documentos sobre a OPA omitem os planos estratégicos para estes mercados, aponta Mário Leite Silva.

Estas são as principais críticas que o representante de Isabel dos Santos faz à operação do CaixaBank e que justificam que tenha votado contra o relatório da administração. Isto mesmo depois de a equipa liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich ter recomendado aos accionistas que não aceitem a OPA, uma vez que o preço de 1,329 euros proposto pelos catalães "não reflecte o valor actual do BPI", calculado em 2,26 euros, considerando as sinergias a gerar pela integração. Avaliação que o CaixaBank recusou comentar.

A posição de força assumida pelo administrador indicado pela empresária angolana sobrepôs-se à mensagem do próprio conselho, cujo relatório foi aprovado por maioria, mas com quatro votos contra – há nove anos, a rejeição à OPA do BCP foi decidida de forma unânime. Até porque Isabel dos Santos é indispensável para que a oferta catalã tenha sucesso. Sem o seu apoio, o CaixaBank não conseguirá pôr fim à limitação de votos no BPI, passo que é condição de sucesso da operação.

Apesar de o relatório ser apenas sobre a OPA dos catalães, Leite Silva aproveitou para apelar a que a administração do banco analise uma eventual fusão com o BCP, sem no entanto referir esta operação concreta. "Esta oferta é, na minha opinião, inoportuna e não alinhada com os melhores interesses da instituição, dos seus accionistas, dos seus trabalhadores e demais ‘stakeholders’, devendo o conselho de administração regressar tão prontamente quanto possível à análise das opções de consolidação", escreveu na sua declaração de voto.

Para que o repto de Isabel dos Santos seja aceite é imprescindível que o CaixaBank apoie a iniciativa. Até porque o facto de a gestão do BPI estar sob OPA limitará a sua margem de manobra para analisar esta operação. Neste momento, há um extremar de posições entre os dois accionistas com poderes para vetar as mudanças pretendidas no BPI. Próximo passo poderá passar por um processo negocial.

A administração do BPI reivindica uma subida de 70% do preço oferecido pelo CaixaBank na OPA sobre o banco. A equipa liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich aponta 2,26 euros como o valor adequado para a operação, tendo em conta a avaliação da actividade doméstica (1,12 euros), da área internacional (0,92 euros) e das sinergias anunciadas (0,22 euros). O conselho não tem dúvidas de que o preço de 1,329 euros por acção proposto pelos catalães "não reflecte o valor actual do BPI", nem os ganhos esperados com a oferta. Daí que "não recomende aos seus accionistas que aceitem" a OPA.

Esta posição foi aprovada pela maioria dos administradores, mas contou com o voto contra de quatro conselheiros (Mário Leite Silva, representante da Santoro; Edgar Ferreira Alves, da HVF; Armando Leite de Pinho da Arsopi; e Alfredo Rezende de Almeida). E exige que o CaixaBank avalie alternativas.

Revista Sabado

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