No relatório que dá conta da descida do `rating` para `B`, a Fitch prevê que Angola cresça 0% este ano, acelerando para 3,5% e 3% nos dois anos seguintes, e sempre abaixo de 4% até ao final da década.
Na última ação de `rating` sobre Angola, em março, a Fitch tinha já descido a Perspetiva de Evolução da avaliação da dívida soberana do país para "Negativa", o que já perspetiva a descida da avaliação da qualidade do crédito num nível, face ao anterior `B+`, divulgada na sexta-feira ao final do dia, conforme avaliação programada.
No relatório desta avaliação, a agência recorda que Angola continua a sofrer o "severo choque petrolífero", tendo em conta que 95% das exportações angolanas são petróleo e que metade das receitas fiscais do país provém dessas vendas, as quais caíram fortemente desde o final de 2014, com a baixa da cotação internacional do barril de crude.
"O potencial de crescimento a médio prazo é sustentado pelos vastos recursos naturais do país e pelo crescimento da base de consumidores", diz a agência, acrescentado que a produção de petróleo deve manter-se estável nos 1,8 milhões de barris por dia até 2020.
No entanto, sublinham, "as deficiências institucionais e um ambiente de negócios muito fraco vão continuar a ser grandes constrangimentos no desenvolvimento dos setores não petrolíferos".
O relatório, que salienta o mau momento económico de Angola, nota que "o setor petrolífero mantém algum dinamismo (a produção chegou em média aos 1,76 milhões de barris por dia em 2016)", mas a Fitch espera que a economia estagne em 2016, "descendo dos 3% em 2015 e com a pior performance em 14 anos [desde 2002, fim da guerra civil]", lê-se no documento.
A agência de `rating` prevê ainda uma inflação média de 30% para 2016, abaixo da previsão de 38,5% definida pelo Governo e dos 38,1% já atingidos em agosto (a um ano) último. Igualmente mais otimista é a previsão de défice das contas públicas, que se cifra em 5,8% do PIB em 2016, contra os 6,8% que o Governo definiu no OGE revisto.
No relatório, a agência de `rating` diz ainda que o facto de mais de 40% da dívida pública ser em moeda estrangeira "expõe o peso da dívida a uma depreciação maior da taxa de câmbio", o que dificulta os pagamentos.
Por outro lado, "os pagamentos de juros em percentagem das receitas também deverão aumentar fortemente para mais de 14%, o dobro dos níveis do ano passado", e é também provável que o crédito mal parado, que no primeiro trimestre estava quase nos 20%, suba ainda mais.
LUSA