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Terça, 16 Agosto 2016 17:16

Portas sim, BE não. Quem vai ao congresso de Eduardo dos Santos?

Paulo Portas vai ao congresso do MPLA, de José Eduardo dos Santos, como convidado especial. Mas quase todos os partidos vão fazer-se representar em Angola. Todos menos BE, PEV e PAN.

Paulo Portas, o ex-líder do CDS e ex-vice-primeiro-ministro vai estar no congresso do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que arranca esta quarta-feira e estende-se até sábado, em Luanda. Mas não é o único político português a marcar presença no sétimo conclave do partido de José Eduardo dos Santos: todos os partidos portugueses com representação parlamentar vão levar uma pequena delegação a Luanda: todos à exceção do Bloco de Esquerda, do PEV e do PAN.

Do lado do PSD, segundo informou o partido em comunicado, vão estar presentes dois vice-presidentes, Marco António Costa e Teresa Leal Coelho; e do lado do CDS, à exceção do ex-líder que vai a “título pessoal”, vai estar presente o presidente da Mesa do Congresso e responsável pela pasta das relações internacionais, Luís Queiró. Os socialistas vão enviar para a capital angolana dois dirigentes de topo: Carlos César, presidente do partido e líder da bancada parlamentar, e Ana Catarina Mendes, secretária-geral-adjunta. Também o PCP se junta a esta lista, com o partido comunista a enviar para Luanda Rui Fernandes, membro da comissão política do comité central.

Dos partidos políticos com representação parlamentar só o Bloco de Esquerda, assim como o PAN e o PEV (já que Rui Fernandes vai em representação do PCP e não da CDU), não estarão presentes no congresso que vai reconduzir José Eduardo dos Santos na presidência do partido. Ao Observador, fonte do Bloco de Esquerda explica que o partido não tem relações diretas com o MPLA. O BE, de resto, tem sido o partido mais crítico do regime angolano.

A notícia de que Paulo Portas era convidado especial do chefe de Estado angolano foi avançada esta terça-feira pelo Diário de Notícias, que avança ainda que na lista de convidados poderão estar outras personalidades portuguesas extra-partidos, mas sem apontar nomes. Na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro, e de vice-primeiro-ministro com a tutela da diplomacia económica, depois, Portas visitou várias vezes Angola nos últimos anos e foi um forte defensor do apaziguamento das relações entre os dois partidos.

No último congresso do CDS, em março, quando se despediu da liderança do partido, Portas fez mesmo um apelo ao compromisso e à não “judicialização” das relações entre Portugal e Angola, lembrando o elevado número de portugueses que vivem naquela ex-colónia, o número de empresas portuguesas que lá estão fixadas e as milhares de empresas que exportam os seus produtos para Angola. “Portugal é importante para os angolanos e Portugal não está em condições de substituir Angola na sua política externa”, disse. Por esta altura as relações entre os dois países estavam particularmente tensas, tendo o Jornal de Angola publicado um editorial intitulado “A vingança do colono”, onde apontava o dedo à suposta instrumentalização da justiça portuguesa, que estaria a manchar o nome de dirigentes angolanos.

O VII Congresso Ordinário do MPLA acontece um ano antes de haver novas eleições gerais em Angola, marcadas para agosto de 2017. É um congresso importante, na medida em que já se fala na sucessão do atual presidente José Eduardo dos Santos, à frente do partido (e do país) há praticamente 37 anos. Para já, é seguro que Eduardo dos Santos vai ser reeleito, sendo o único candidato à liderança do MPLA, mas a sucessão do poderoso presidente de Angola tem feito correr muita tinta.

Entre vários membros do atual Governo e os filhos, Isabel dos Santos e Filomeno dos Santos, a hipóteses são várias, como explica a agência Lusa. Recentemente, em março, o líder do MPLA e chefe de Estado fez um anúncio sobre o seu futuro que desde logo condicionou o partido: “Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018”.

Mas José Eduardo dos Santos não clarificou ainda em que moldes será feita a sua saída da vida política. Certo é que, com uma lista única ao Comité Central, da qual faz parte o filho José Filomeno dos Santos, mas não a filha e empresária Isabel dos Santos, o chefe de Estado é novamente candidato único à liderança do partido e, nessa qualidade, candidato às eleições de 2017.

© Lusa

 

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