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Quarta, 21 Outubro 2020 11:58

Médico angolano acusa bastonária da Ordem de “sabotar” iniciativas da Região Norte

O médico angolano Jeremias Agostinho acusa a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola (ORMED), Elisa Gaspar, de “sabotar” as iniciativas e atividades do conselho regional norte daquele órgão e diz que “nunca recebeu apoios” desta responsável.

Num comunicado à classe médica, que a Lusa teve hoje acesso, Jeremias Agostinho, que preside ao conselho executivo da região norte da ORMED, afirma que o organismo “não recebe e nunca recebeu qualquer quantia monetária” da direção da Ordem.

O conselho regional norte “nunca recebeu qualquer quantia monetária da direção da Ordem, ou seja, da bastonária para a implementação do seu plano de ação”, afirma Jeremias Agostinho, que assina o documento, num novo episódio da guerra interna da ORMED que culminou na suposta destituição, no sábado, de Elisa Gaspar.

Jeremias Agostinho responde assim às informações que circulam nas redes sociais sobre um pedido de patrocínio solicitado pelo conselho norte ao Ministério da Saúde, afirmando que o conselho “não possui uma conta bancária, espaço físico e nem orçamento para as suas atividades”.

Segundo Jeremias Agostinho, a não realização do I Congresso dos Médicos Internos de Angola, agendado para março passado, e entretanto cancelado por falta de apoios, levou aquele conselho a solicitar apoios financeiros a várias instituições, entre as quais o Ministério da Saúde.

“Todas as instituições negaram ceder o patrocínio, alegando falta de apoios financeiros em função da crise financeira que o país atravessa e, no caso do Ministério da Saúde, o motivo foi o insuficiente orçamento agravado pela iminência da covid-19 em Angola”, lê-se no documento.

Numa carta que circula nas redes sociais, assinada por Elisa Gaspar, datada de 30 de janeiro de 2020 e enviada à ministra Saúde angolana, Sílvia Lutucuta, a bastonária diz que a ORMED “não teve conhecimento do pedido feito à ministra e nem do referido congresso”.

“O senhor Jeremias Agostinho, presidente do conselho regional norte, há bastante tempo que deixou de comparecer na Ordem”, sublinha a carta.

Jeremias Agostinho associa a rejeição de apoio por parte do Ministério da Saúde à carta da bastonária, considerando o posicionamento de Elisa Gaspar como um “ato de sabotagem”.

“Aproveitamos para informar que, durante muito tempo, as atividades e iniciativas do conselho regional norte foram sempre alvo de sabotagem por parte da bastonária. Sempre pugnámos pela democracia e transparência na gestão dos serviços da Ordem”, assegura.

Jeremias Agostinho, mestre em saúde pública, considera também “incompreensível todas as tentativas que foram envidadas no sentido de manter o conselho regional norte num órgão disfuncional”.

O conselho regional norte da ORMED compreende as províncias de Luanda, Bengo, Zaire, Uíje e Cabinda e no sábado passado aprovou, em assembleia-geral extraordinária, a destituição de Elisa Gaspar, elegendo uma comissão de gestão para promover novas eleições em 90 dias.

De acordo com a deliberação aprovada no final da assembleia-geral extraordinária e lida por Arlete Luyele, presidente da assembleia do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos, além da destituição foi também decidido criar uma comissão de inquérito para analisar as irregularidades e promover uma auditoria independente.

Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo de bastonária, é acusada de "descaminho de fundos e gestão danosa" da instituição, entre os quais um alegado desvio de 19 milhões de kwanzas (256.000 euros), e de "outros gastos injustificados".

A direção da ORMED anunciou, na segunda-feira, que a bastonária “continua em funções até ao final do seu mandato” e considerou a sua anunciada destituição como uma “tentativa de manipulação da opinião pública”.

Em nota de esclarecimento enviada à Lusa, o gabinete de comunicação institucional da ORMED diz que tomou conhecimento da suposta destituição da sua bastonária, Elisa Gaspar, por via da comunicação social.

Na terça-feira, o Conselho Regional Sul da ORMED saiu em defesa de Elisa Gaspar declarando que o processo que culminou na destituição está "eivado de irregularidades" e não tem efeitos jurídicos.

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