Enquanto os empresários criam riqueza e dinamizam o mercado, a administração pública, por sua vez, consome essa riqueza em projectos e programas que, muitas vezes, não geram retorno financeiro. Essa inversão de papéis fragiliza o ecossistema económico, pois o Estado depende directamente da vitalidade empresarial para se sustentar.
O papel do Estado e o papel do empresário
Para que o equilíbrio seja mantido, o Estado deve olhar para os empresários e suas necessidades, criando condições para que estes prosperem. O papel da administração pública não é dizer ao empresário o que deve fazer, nem transformá-lo em mero consumidor de subsídios ou capacitações superficiais.
Quando o Estado se limita a capacitar sem criar condições de rentabilização, está, na prática, a formar consumidores dependentes, em vez de fomentar produtores de riqueza.
O problema da mentalidade de consumo
Um dos grandes desafios que ainda persiste entre os angolanos é a mentalidade de investir em consumo ao invés de rentabilização. Receber dinheiro do Estado e gastá-lo sem visão de investimento perpetua os mesmos problemas: falta de inovação, ausência de crescimento sustentável e dependência contínua de apoios externos.
Mesmo quando há acesso a empréstimos ou recursos financeiros significativos, a falta de cultura de rentabilização faz com que o país continue no mesmo lugar, sem avanços estruturais.
Caminho para a mudança
A verdadeira transformação exige que:
- O Estado crie políticas que favoreçam o investimento produtivo, em vez de apenas distribuir recursos.
- Os empresários sejam reconhecidos como parceiros estratégicos na construção da economia nacional.
- A sociedade abandone a lógica de consumo imediato e adote uma mentalidade de investimento e rentabilização.
Conclusão
Os gestores públicos devem compreender que o seu papel é facilitar e regular, não substituir o trabalho dos empresários. O futuro económico de Angola depende da capacidade de valorizar o empreendedorismo e de criar um ambiente em que o sector privado floresça.
Sem essa mudança de paradigma, continuaremos a ter dinheiro, empréstimos e programas, mas permaneceremos com os mesmos problemas de sempre.
Por: Tomás Alberto

