Imagine estar no seu escritório, diante de tarefas que exigem máxima concentração, e, de repente, o telefone toca. Do outro lado da linha, não está uma questão urgente nem algo que justifique interromper o raciocínio. Pelo contrário, surgem perguntas triviais como “como passaste a noite?”, pedidos como “manda-me saldo ou fulano mandou cumprimentos”, ou até lamentos domésticos do género “meu gás acabou”. Situações que, por si só, não seriam um problema, mas que tornam-se extremamente inconvenientes quando acontecem no período em que deveríamos estar dedicados ao cumprimento das nossas responsabilidades.
O grande erro está em não compreender que o horário de trabalho deve ser respeitado. Ele não existe por acaso: é o tempo destinado à produtividade, à disciplina e ao foco. Interromper alguém nesse período, sem necessidade, é ignorar o esforço alheio e tratar a seriedade do trabalho como algo secundário.
O aceitável seria reservar este tipo de conversas pessoais e ligeiras para momentos adequados, como a hora do almoço ou após o expediente. Nesses intervalos, até se pode transformar a ligação em um momento saudável de socialização, uma pausa bem-vinda. Mas fora desses contextos, o telefonema torna-se um ruído irritante, que quebra a linha de raciocínio, atrapalha a organização e, muitas vezes, prejudica o rendimento.
Mais do que uma questão de educação, este hábito toca diretamente no campo do respeito mútuo. Respeitar o tempo do outro é também valorizar o trabalho, a dedicação e o esforço que cada um emprega diariamente. Quem insiste em ligar para banalidades em horas impróprias demonstra falta de empatia com a realidade de quem está do outro lado.
Num mundo cada vez mais competitivo, em que se exige mais qualidade e eficiência, cultivar pequenos gestos de consideração faz toda a diferença. Aprender a distinguir o momento certo para falar de assuntos pessoais é uma forma de civilidade que todos devemos praticar. Afinal, ninguém gosta de ser interrompido sem necessidade e se não queremos que isso aconteça connosco, o mínimo é não fazer o mesmo com os outros.
Por Rafael Morais