A cada ano, o sofrimento do povo é sistematicamente alimentado por políticas públicas que beneficiam os mais ricos e esmagam os mais vulneráveis. Um exemplo gritante é o aumento recorrente do preço dos combustíveis, que desencadeia uma reação em cadeia, eleva os preços da cesta básica, dos serviços de táxi e transporte coletivo, e torna o custo de vida insuportável para quem já pouco tem.
Curiosamente, essa é a área onde o governo mais atua não para aliviar, mas para aprofundar a ferida dos pobres. A gestão da economia parece seguir uma agenda, castigar agora, seduzir depois. Porque em 2026, como já conhecemos o guião, começará o período do “bom carinho”, a fase em que o poder prepara a dama (o povo) para o grande evento, as eleições de 2027.
Nesse ano, como num passe de mágica, tudo baixará. Os preços da cesta básica irão descer, os sorrisos aumentarão e as promessas se multiplicarão. Mas como num orgasmo enganoso, o ponto G será mais uma vez atingido, não pelo prazer do progresso, mas pelo êxtase da manipulação eleitoral. E após o gozo das urnas, volta a ressaca do povo, os preços sobem, os transportes pioram, os salários continuam baixos e a dignidade é adiada por mais cinco anos.
Somos, sem dúvida, um povo especial, resiliente, sim, mas também permissivo ao ponto de aceitar que políticos brinquem com a nossa miséria. Colocam o país em dívidas que comprometem as gerações futuras, tudo em nome de uma governança que privilegia interesses pessoais e partidários.
A pergunta que se impõe não é se o povo aguenta, mas até quando aceitará esse ciclo de manipulação e miséria?
Rafael Morais