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Quarta, 14 Mai 2014 18:31

Kilamba-Kiaxi. Aumentaram os assaltos às cantinas de estrangeiros

Jovens Malianos em Luanda Jovens Malianos em Luanda

A falta de energia eléctrica e a exoneração do antigo comandante da esquadra da Polícia do Palanca são as razões apontadas pelos comerciantes para justificar o aumento dos assaltos.

As autoridades policiais garantem estar atentas e a fazer o possível para combater a criminalidade no bairro, quando, no terreno, a realidade é diferente.

Fontes do Agora referiram que a rua F tem sido das mais visadas pelos assaltantes. Foi ali onde encontrámos o costa-marfinense Abidulai Kantona, para quem a falta de iluminação pública e o fraco policiamento estão na origem da insegurança na zona.

O comerciante lançou um grito de socorro, solicitando a ajuda da corporação. O mesmo acrescenta que, a partir das 17h, as coisas ficam realmente más. "Quando assim acontece, não sabemos a quem recorrer, e temos de fechar as portas mais cedo, por causa da insegurança", disse.

Quem também se sente preocupado com o problema é o guineense Traoré, que está há dois anos no país. Diz que já foi alvo de vários assaltos, mas os assaltantes nunca foram caçados. "Eles aparecem em grupos de cinco elementos não identificados e realizam disparos para atormentar a população, depois entram e levam todo o dinheiro do dia e alguns produtos alimentares", explicou, acrescentando que, desta forma, não conseguem trabalhar à vontade.

Emídio Manuel, morador do Kilamba Kiaxi que está a par dos problemas no bairro, não tem dúvidas e avança que o aumento dos assaltos resulta do fraco policiamento nocturno e das mexidas no Comando da Esquadra Policial. "Estamos a passar por dias difíceis.

Os assaltos são constantes e já solicitámos ajuda ao comandante desta esquadra, mas, até ao momento, não resolveu o problema", referiu, sustentando que os moradores não sabem por que razão foi exonerado o antigo comandante, que era mais dinâmico a dar resposta aos casos.

O morador insiste que o actual comandante nada faz para combater a delinquência na comuna do Palanca. Maria Domingos, também moradora na zona, acredita que a insegurança está a generalizar- se, devido ao elevado nível de desemprego dos jovens.

Por isso, solicita às autoridades a criação de políticas que favoreçam o emprego desta franja, que é o futuro deste país. Não havendo aposta nos jovens, diz, os estrangeiros irão tomar conta do nosso próprio país, uma realidade que já está a acontecer nalguns sectores, como fez questão de sublinhar.

ROUBAR PARA SUSTENTAR FAMÍLIA. João Gonçalves, 32 anos, um dos supostos marginais que se encontra detido na Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), revelou à nossa reportagem que enveredou por este caminho após ter sido despedido da empresa de segurança onde prestava serviços.

"Trabalhei durante três anos e, depois de me expulsarem, estava a passar por muitas dificuldades financeiras. Sou chefe de família e tenho sob a minha responsabilidade uma mulher e quatro filhos. Não tive outra alternativa senão roubar", contou, garantindo que, por não encontrar outra saída para o sustento do lar, a única solução que teve foi formar um gang.

MORADORES PEDEM A CABEÇA DO COMANDANTE. Moradores ouvidos pelo Agora mostraram- se indignados com o comandante comunal que parece "indiferente" ante aos constantes assaltos às residências e às cantinas.

Uma destas figuras agastadas com a postura do policial é Tito Maurício. Este jovem realçou que a situação no Palanca tende a tornar-se cada vez mais insustentável. "Isto está cada vez pior", reforça, dando um exemplo: "Durante a semana passada, registaram- -se três roubos de telemóveis à luz do dia.

Estamos tristes, porque ninguém faz nada. Portanto, não é só à noite que a situação fica complicada, também de dia". Por sua vez, Madalena Cruz, residente na Rua E, acusou o comandante da subunidade do Palanca, João de Menezes Pereira da Silva, de inércia, em virtude de não estar preocupando com as inquietações dos munícipes e que, "sem exagero, a última vez que foi vista uma patrulha da Polícia na rua E fo há dois meses". "Estamos a viver momentos de terror neste bairro, sempre debaixo de ameaça para as nossas vidas", frisou, salientando que há três semanas uma jovem foi abusada sexualmente quando saía da escola, à tarde.

RESPOSTA DA CORPORAÇÃO. De acordo com João de Menezes Pereira da Silva, comandante da subunidade do bairro do Palanca, os moradores não estão a ser felizes nas suas palavras. "Ainda na semana passada desmantelámos um gang na fronteira entre os bairros Palanca e Neves Bendinha. Fico triste a ouvir isso.

Eu trabalhei no distrito da Maianga, na 5.º Esquadra, tive boas referências. Contudo, o Palanca é um bairro pequeno e tenho de me adequar aos poucos, não será do dia para a noite que as coisas irão mudar ", esclareceu.

Outro responsável da corporação, que preferiu anonimato, confirmou que o alvo dos assaltantes tem sido cantinas detidas por estrangeiros que, supostamente, exercem ilegalmente a sua actividade no país. "Temos muitos comerciantes ilegais no nosso país.

Por isso, quando ocorre um assalto não participam à Polícia. Fica complicado fazermos um trabalho adequado, quando não existem informações plausíveis e, posteriormente, dizem que as autoridades policiais não trabalham", lamentou.

A fraca resposta aos assaltos, de acordo com o oficial da Polícia, tem a ver com o péssimo estado das ruas. "Muitas vezes, os efectivos não conseguem circular com viaturas sendo, por isso são obrigados a fazer patrulhamento apeado".

O Agora deslocou-se ao Comando de Divisão do Kilamba-Kiaxi, para obter informações por parte do chefe de operações do distrito sobre a situação na comuna do Palanca. Samuel Makengo fez saber que "reina a estabilidade na zona de jurisdição, na medida em que a Polícia tem feito o possível", mas lamentou o facto de, por vezes, os moradores não colaborarem, pois muitos destes jovens assaltantes são conhecidos.

O policial acrescentou que, muitas vezes, os efectivos se deparam com casos em que, quando chegam para actuar, os moradores escondem os filhos, supostos assaltantes, e alegam que não houve nada e que a situação está controlada, quando não devia ser assim. São coisas desta nossa metrópole, onde tudo pode acontecer.

Agora

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