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Quarta, 18 Fevereiro 2015 20:43

UNITA propõe lei para fazer eleições “transparentes” em Angola

A UNITA anunciou esta quarta-feira a proposta de uma lei para tornar as eleições mais "justas" e "transparentes" em Angola.

A UNITA, o maior partido da oposição em Angola, anunciou esta quarta-feira a apresentação de legislação para a gestão dos processos eleitorais, com o qual pretende que as eleições no país “passem a ser justas e transparentes”.

Em causa está o projeto de lei orgânica do Sistema de Informação e Gestão dos Processos Eleitorais, que a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) submeteu à Assembleia Nacional a 19 de janeiro, apresentada esta quarta-feira publicamente pelo líder do grupo parlamentar do partido.

De acordo com Raúl Danda, que falava em conferência de imprensa em Luanda, o objetivo é “assegurar transparência” nas eleições nacionais “a todos os atores e à sociedade”, algo que para a UNITA não aconteceu em atos eleitorais anteriores, o último dos quais em 2012. “Queremos que quem ganhe as lições, as ganhe bem”, disse o deputado da UNITA, que aguarda o agendamento da discussão desta proposta pelo parlamento, órgão em que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que suporta o Governo, está em maioria.

“Se de facto a proposta vai passar, a maioria parlamentar lá decidirá. Olha-se para este projeto e vê-se que a intenção é podermos ter um processo que seja transparente. O país precisa de começar a ter processos eleitorais transparentes. O país merece isso e o país pode ter”, apontou Danda.

A proposta de lei prevê que a dotação da Administração Eleitoral Independente com capacidades tecnológicas próprias “para gerir com transparência, sustentabilidade e sentido de perenidade, os sistemas, programas informáticos, fluxos informacionais e procedimentos relativos à organização de eleições gerais e autárquicas”.

Define igualmente metodologia “para se proceder com lisura à atualização dos dados dos mais de nove milhões de eleitores já registados e sua distribuição pelos locais de votação já identificados”, criando ainda “distritos eleitorais” codificados e identificados “segundo critérios padronizados e consistentes”.

Fica ainda prevista a votação dos angolanos residentes no estrangeiro, bem como novos procedimentos na emissão e tratamento dos cadernos eleitorais, bem como na “segurança dos ficheiros, processos, sistemas e programas informáticos que concorrem para a organização das eleições gerais e autárquicas”, entre outras matérias.

Esta proposta surge numa altura em que o Executivo angolano fez aprovar no parlamento, apenas com os votos do MPLA, uma nova proposta para facilitar o registo eleitoral, classificada pela oposição, em uníssono, como anticonstitucional. A UNITA acusou mesmo o MPLA de iniciar “manobras habituais” para a “tomada e exercício ilegítimo do poder político”, com esta legislação.

“Há um problema grave que é o da quebra da confiança no país. Infelizmente, estamos habituados a lidar com pessoas que utilizam truques, engenharias eleitorais, para se perpetuarem no poder. A única coisa que a UNITA quer é que quem ganhe, ganhe com isenção, imparcialidade e verdade”, rematou Raúl Danda.

As próximas eleições gerais em Angola deverão acontecer em 2017, enquanto as primeiras eleições autárquicas continuam por agendar. O MPLA está no poder em Angola desde a independência, em 1975, e José Eduardo dos Santos é Presidente há 35 anos. A guerra civil em Angola só terminou em abril de 2002, depois da morte do líder da UNITA, Jonas Savimbi, em combate com as forças governamentais.

LUSA

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