A missa pela libertação dos presos políticos em Angolaserá celebrada esta quinta-feira (11.12) na província da Huíla. À DW, o padre Pio Wacussanga explica que é uma celebração eucarística pela paz em Angola e no mundo.
"Não será uma missa simplesmente para rezar pelos presos, não", será uma missa pela "justiça e reconciliação nacional", sublinha o padre católico.
Mas o ativista e investigador angolano Domingos da Cruz diz que rezará em concreto pelas várias pessoas detidas após os violentos tumultos no país, durante a paralisação dos taxistas, em julho.
"Nós pretendemos que, os presos políticos sejam libertados", disse.
"Não há outro propósito que não seja a libertação"
À espera de julgamento continua o ativista Osvaldo Kaholo, acusado de crimes de rebelião, instigação e apologia pública ao crime no calor das manifestações. Também se encontram na cadeia, entre outros, o presidente e o vice-presidente da Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), detidos na sequência dos tumultos, que resultaram em mais de 30 mortos e várias lojas pilhadas.
Organizações cívicas e ativistas consideram que estas detenções são ilegais.
"Não há outro propósito que não seja a libertação destes cidadãos que estão a ser vítimas de abuso de poder, que estão submetidos a humilhação e sofrimento não só deles enquanto presos, mas também das suas famílias", garante...
A iniciativa da missa é do Observatório de Imprensa e da organização comunitária "A Voz do Povo", com sede na província da Huíla.
"Que fiquem com a interpretação deles"
Celso Malavoloneke, antigo secretário de Estado da Comunicação Social e membro do MPLA (no poder), escreveu um texto na sua página do Facebook em que sugere que a Igreja Católica se está a intrometer na política.
O padre Wacussanga rejeita perentoriamente as acusações: "Que fiquem com a interpretação deles, que não tem nada a ver com a nossa".
O também responsável da ONG Construindo Comunidades conclui que, em Angola, há uma clara limitação dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
"Nós estamos debaixo de uma grande ditadura, de um grande sistema que restringe as liberdades dos cidadãos. Temos presos que estão em cadeias, mas também temos presos de consciência", critica Wakussanga.
E o líder denuncia: "Os nossos movimentos estão restringidos por vários fatores. O sistema de segurança anda atrás dos cidadãos. As nossas entrevistas, os nossos telefones são grampeados muitas vezes".
A missa desta quinta-feira (11.12) seria também para lembrar essas vicissitudes.

