As declarações foram feitas hoje pelo ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, que falava na sede da Endiama, em Luanda, após uma apresentação sobre o estado da indústria diamantífera feita por Martin Rapaport, figura central do comércio internacional de diamantes. “A De Beers, como sabem, é a alma do diamante natural. O acionista principal da De Beers está a vender a sua participação.
O que vos posso assegurar é que não estamos distraídos”, declarou o governante, referindo-se à decisão da multinacional britânica Anglo American, que detém atualmente 85% da De Beers, de vender a sua posição na multinacional diamantífera.
Os restantes 15% da De Beers pertencem ao Governo do Botsuana, maior produtor africano de diamantes, que poderá vir a aumentar a posição acionista.
“Poucos se aperceberam, mas eu fiz uma viagem a Londres e tive um encontro com os presidentes executivos da Anglo American e da De Beers.
Também tive uma conversa com o Presidente do Botsuana, que esteve aqui no encontro EUA-África, e tenho estado a falar com a minha homóloga do Botsuana.
Posso dizer que não estamos distraídos, porque não podemos deixar a De Beers cair. Não podemos deixar a De Beers em mãos que não têm o mesmo interesse daqueles que têm o diamante natural”, sublinhou o ministro.
Questionado pela Lusa sobre um eventual interesse de Angola em adquirir uma participação na De Beers, Diamantino Azevedo recusou-se a entrar em detalhes, limitando-se a afirmar que o Governo está “atento” à situação e por isso “quis falar com os parceiros”.
Segundo estimativas de analistas internacionais, o valor da participação da Anglo American na De Beers poderá situar-se entre dois e 2,5 mil milhões de dólares (1,87 a 2,34 mil milhões de euros), menos de metade do valor contabilístico, devido à quebra da procura por diamantes naturais e à concorrência crescente dos sintéticos.
A Anglo American é uma multinacional sediada em Londres com operações em vários continentes, incluindo África, América do Sul, Ásia e Austrália, explorando platina, cobre, ferro, carvão, níquel e diamantes, estes últimos através da De Beers.
Em Angola, a Anglo American mantém contratos de investimento mineiro com o Governo para a prospeção de metais básicos nas provincias do Cunene e Moxico.
A De Beers, maior diamantífera do mundo, regressou a Angola em 2022 após uma ausência de cerca de dez anos, tendo estabelecido novos contratos com a estatal angolana Endiama e identificado múltiplas áreas de exploração com elevado potencial diamantífero.