Print this page
Terça, 08 Dezembro 2020 10:14

Autoridades angolanas intensificaram uso de força para reprimir dissidência – Amnistia

As autoridades angolanas utilizaram força “desproporcionada e desnecessária” para reprimir a dissidência, dispersar protestos e combater violações do estado de emergência decretado para o combate à covid-19, afirmou hoje a Amnistia Internacional (AI).

Num comunicado hoje divulgado, a AI refere que, em conjunto com a organização de defesa dos direitos humanos Omunga, “documentou numerosas violações pelas forças de segurança, incluindo o assassinato de dez pessoas entre maio e setembro de 2020 por membros da polícia nacional e das Forças Armadas” angolanas, responsáveis pela implementação das restrições.

“O que estamos a testemunhar em Angola é um ataque direto aos direitos humanos. O Estado está a utilizar as forças de segurança para silenciar as pessoas e negar-lhes os seus direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica”, disse o diretor da AI para a África Ocidental e Austral, Deprose Muchena.

O representante acrescentou que o assassinato de angolanos que terão violado as normas para o combate à covid-19, por parte das autoridades, é “ainda mais arrepiante”.

O diretor-executivo da Omunga, João Malavindele, sublinhou que as autoridades angolanas “devem parar imediatamente o uso de força”, bem como “investigar as violações e responsabilizar os autores”.

“Em vez de apontar aos manifestantes, as autoridades devem criar um ambiente propício para que as pessoas se expressem. Protestos pacíficos a pedir aos líderes que façam mais não é um crime”, acrescentou Malavindele.

Angola tem sido palco de protestos contra um crescente descontentamento com a governação do Presidente, João Lourenço, incluindo um a 11 de novembro, dia em que o país assinalou 45 anos de independência.

O governo da província de Luanda tinha proibido a realização desta manifestação, evocando diversos motivos, um dos quais o não cumprimento do decreto presidencial sobre o estado de calamidade pública, que impedia ajuntamentos de mais de cinco pessoas nas ruas, como medida de prevenção e combate à propagação da covid-19.

A polícia impediu a tentativa de manifestação, tendo recorrido ao uso de força e de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, havendo o relato de feridos e algumas detenções.

Da mesma forma, em 24 de outubro, um protesto que reivindicava melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, foi frustrado pelas autoridades, resultando em 103 detenções e ferimentos de polícias e de manifestantes.

De acordo com os dados mais recentes, Angola regista 354 óbitos e 15.591 casos de infeção por covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.535.987 mortos resultantes de mais de 67 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Rate this item
(1 Vote)

Latest from Angola 24 Horas

Relacionados

Template Design © Joomla Templates | GavickPro. All rights reserved.