"Conheço a profundidade das vossas feridas, mas também a força da vossa dignidade. Conheço as páginas mais sombrias da nossa história comum a história colonial e venho aqui com humildade, respeito e afeto", disse.
"Não esqueço que a luta pela independência do povo angolano, tal como as que tiveram lugar nas outras antigas colónias, contribuiu de forma decisiva para a Revolução dos Cravos no meu país", assinalou.
No discurso, recordou as várias visitas que efetuou anteriormente a Angola enquanto governante e Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados-, e destacou que o país celebra 50 anos de independência "marcados pela dor, mas também pela resiliência".
Enalteceu as paisagens e as belezas naturais de Angola, a cultura, a literatura, a poesia e a música, "cujas vozes singulares" ecoam muito além das fronteiras do país, considerando que o Hino Nacional Angola Avante "afirma desde 1975 a marcha em frente de um povo soberano, dono do seu destino e decidido a avançar".
Felicitou Angola pela sua trajetória de luta, "um caminho que nem sempre foi fácil", disse, salientando que o país soube transformar a sua dor em determinação" e lembrando os acordos de paz de 2002, que levaram à reconciliação, ao desarmamento e à reintegração dos ex-combatentes, como passos importantes da história do país.
"[As Nações Unidas] orgulham-se de ter estado ao vosso lado nesses esforços, através das missões de verificação e de apoio à paz, bem como da ação das agências humanitárias e de desenvolvimento", realçou.
Aos deputados, o secretário-geral da ONU disse que o parlamento angolano encarna, mais do que qualquer outra instituição, esta trajetória - "do estrondo das armas à construção paciente de um pluralismo".
"Como antigo deputado, sei bem quão exigente é esta missão: transformar as duras provas da história em leis justas, aproximar o Estado aos cidadãos e proteger um espaço cívico aberto, seguro e inclusivo", declarou.

