O MIREX precisa consciencializar cada vez mais os nossos diplomatas a terem uma dinâmica diplomática de alto nível em todos os momentos em prol dos interesses da Nação e das nossas comunidades, e não esperar simplesmente fazerem as coisas em fase de catástrofe ou de guerra, mas seja como for, foi uma decisão positiva o Governo em colaboração com o MIREX ter colocado à disposição um avião para resgastar os nossos irmãos dessa situação complexa.
A geopolítica tem regras próprias e cada Estado protege os seus interesses, não se trata de certo ou errado, de justo ou injusto, de moral ou à moral, mas sim de proteger os próprios interesses e a Segurança do próprio Estado, mas movendo-me por uma posição ético-moral gostaria de dizer, que é importante que os direitos dos civis, sobretudo os direitos das crianças, dos idosos e dos pacientes dos hospitais da Ucrânia sejam salvaguardados e protegidos na íntegra, de modo a se evitar danos ainda maiores, e que os corredores humanitários se estendam significativamente em todas as áreas e zonas afectadas pelo conflito.
Movendo-me por uma posição militar das regras de guerra, tendo em conta as normas da Convenção de Genebra de 1929, principalmente as normas das Convenções de Genebra de 1949, sem nos esquecer-mos dos princípios do I° e do II° Protocolo Adicional de Genebra de 1977 que fazem referência às regras a se ter conta durante os conflitos armados, é necessário que se respeite significativamente o princípio secondo o qual "os alvos não devem ser em momento nenhum os civis" mas sim as estruturas militares e centros de comando (políticos ou militares), sendo assim os militares envolvidos nesse conflito na Ucrânia não devem atacar de forma indiscriminada os civis, isso daria lugar ao denominado "crime de guerra", e não se deve fazer dos civis "escudos humanos".
Sobretudo movendo-me por uma posição Político-diplomática gostaria de dizer que, é fundamental que se chegue à um acordo à vantagem recíproca entre as partes envolvidas: Ucrânia, Rússia e EUA (OTAN), de modo a se pôr um fim à esse conflito, de modo a se evitar uma escalada militar ainda maior. A Diplomacia é ainda a melhor via de resolução das tensões, das crises e dos conflitos, e o povo ucraniano precisa sim de sentir novamente a presença da paz e da harmonia social.
A que se dizer também que entre esses 277 angolanos que fugiram da Ucrânia e tendo embarcado apenas 30 angolanos de volta ao País, é na verdade algo peculiar, mas temos que ressaltar aqui dois factores importantes: de um lado muitos desses angolanos já criaram laços naquela terra, muitos criaram famílias, muitos deles deixaram Angola faz muitos anos, outros ainda foram lá para estudar e ainda não terminaram os estudos, e regressar sem nenhum diploma universitário isso criaria sim traumas e transtornos psicológicos pra muitos desses angolanos, se nos colocássemos no lugar deles talvez iríamos entender melhor do porquê da decisão deles de não terem embarcado no avião colocado à disposição pelo Governo angolano,
Por outro lado tem a questão segundo o qual: posto em Angola será que o governo daria à todos esses angolanos meios e instrumentos necessários de base para poderem recomeçar? Será que o governo colocaria à disposição de cada um deles subsídios ou emprego para darem os primeiros passos visto que eles estão vindo para uma nova realidade? Estas são perguntas que alguns deles estão fazendo entre si, sendo assim, muitos deles preferem suportar e enfrentar o conflito (coisa que não aconselho à ninguém), outros estão imigrando noutros países tentando começar tudo de novo. Todas essas situações delicadas podem mudar para sempre a vida de uma pessoa.
De qualquer forma o nosso Governo neste aspecto agiu sim correctamente ao decidir tirar os nossos cidadãos daquela situação de guerra de volta ao País, esta decisão directa ou indirectamente era uma das vias a ser feita, e espera-se que esses cidadãos uma vez postos em Angola (independentemente das circunstâncias) possam ter acompanhamentos e oportunidades mínimas iniciais de modo a poderem dar novos passos numa nova realidade e fase das suas vidas, que Deus os abençoe.
Recomeçar nem sempre é fácil mas as vezes é necessário!
O MIREX – Tive saudades do MIREX!
Muitas das vezes é mais fácil negociar com militares do que com políticos.
Eu e a Diplomacia, a Diplomacia e Eu
Elite Intelectual Diplomática
Competências Internacionais
Políticas de Segurança
No Mundo Estratégico-militar
Por Leonardo Quarenta
PhD em Direito Constitucional e Internacional
Mestrado em Diplomacia, Mediação e Gestão de Crises
Alta Formação em Conselheiro civil e militar
Alta Formação em Políticas de Segurança