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Quinta, 03 Março 2022 13:54

Há mesmo muito cinismo na paranoia pró-russa em Angola - Graça Campos

A cidade russa de Sóchi, Sochi, Sótchi ou Sotch, no Krai de Krasnodar, na costa do Mar Negro, perto da fronteira entre a Rússia e Geórgia, é considerada como um dos lugares mais lindos do mundo.

Há lá de tudo, desde praias limpas, comida tragável, homens e mulheres atraentes, enfim, reúne os "requisitos".

Porém, não obstante ser um bom destino para férias ou mesmo para viver, não há notícia de que algum angolano, seja na veste do insecto marimbondo, seja na do crustáceo caranguejo, tenha adquirido ali uma casa, seja para férias, seja para residir permanentemente.

O mundo do cinismo

Tal como trocam as praias de Sóchi pelas do Rio de Janeiro, Los Angeles, Cancun, no México, e outras, também as "madames" da alta sociedade angolana não vão a Moscovo ao fim de semana cortar as unhas ou comprar perfume.

Em Angola, devem contar-se pelos dedos de uma mão – e ainda sobram alguns – os casos de filhos que pediram aos país que viajam a serviço à Rússia para trazerem no regresso um telefone, um relógio ou um computador "made in Russia".

Os "mangas" angolanos não se deslocam a Moscovo ao fim de semana para ver um jogo de futebol. Mas fazem-no a Lisboa, Paris, Madrid e Barcelona.

Muitos dos actuais dirigentes angolanos fizeram sua formação militar na Rússia ou nos seus antigos satélites.

Tanto o actual como o anterior Presidente da República licenciaram-se naquelas paragens.
Mas não há ciência de que quer José Eduardo dos Santos quanto João Lourenço tenham se encantado tanto com a antiga União Soviética ao ponto de criarem ali bases para as suas velhices.

A José Eduardo dos Santos são atribuídas propriedades no Brasil e em Espanha. Do actual Presidente da República há ciência de que possuirá, pelo menos, uma casa nos execrados Estados Unidos. E ele está muito longe de ser o único no actual núcleo duro do poder.

Provavelmente, a melhor recordação que essas pessoas guardam da sua passagem pela antiga União Soviética é o vodka, que alguns emborcavam em quantidades industriais por "culpa" do frio.

Sihanouk Fortuna, um dos mais brilhantes politólogos angolanos, ontem causou comoção nas redes sociais de que é membro por haver posto o dedo na ferida.

De acordo com o "puto" Sihanouk – cuidado, esse tratamento é aberto a qualquer mabeco – o que incomoda o actual czar russo não é a eventual adesão da Ucrânia à OTAN; o que tira sono ao tirano de Moscovo é a perspectiva de a Ucrânia ser admitida como membro de pleno direito da União Europeia.

O ingresso da Ucrânia na UE levaria a democracia e o progresso às fronteiras russas, podendo "contaminar" o país dos czares. Isso, sim, é a verdadeira causa da insónia de Putin e seus apaniguados, alguns dos quais, estamos a sabê-lo agora, estão mesmo em Angola.

Há mesmo muito cinismo na paranoia pró-russa em Angola.

Não há dúvida que, na sua intimidade, que mesmo aqueles que ordenaram a abstenção de Angola na Assembleia Geral da ONU, pendem mais para as delícias do Ocidente.

É que só de armas e de viagens ao Espaço não vive o homem.

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