Print this page
Domingo, 13 Fevereiro 2022 10:35

A crise da Ucrânia: EUA (NATO) e Rússia (II)

No Mundo estratégico-militar quando se trata de Segurança do Estado (Segurança Nacional) nessa hora todo resto é jogado por terra: o Direito internacional, os direitos humanos, as normas constitucionais, as liberdades fundamentais, os Tribunais perdem acção de agir como tal, e Organização nenhuma (Nacional ou Internacional) conseguem impedir que os Estados em questão possam seguir adiante com os seus interesses considerados cruciais para a sobrevivência do seu próprio Estado, e é exactamente isso que está acontecendo com a crise da Ucrânia.

As tensões entre os EUA (NATO) e a Rússia sobre a Ucrânia intensificaram-se dia após dias, e a possibilidade de houver uma guerra (invasão russa sobre o Território da Ucrânia) parece ser cada vez mais evidente, é uma probabilidade iminente, e o Presidente Joe Biden já orientou que os diplomatas americanos abandonassem a Ucrânia o mais rápido possível, assim como os cidadãos americanos residentes naquele País.

É de salientar que todas as tratativas de acordo de Segurança entre a NATO (EUA) e a Rússia, e os encontros diplomáticos de alívio das tensões sobre o País da Ucrânia entre a União Europeia e a Rússia (negociações que tiveram lugar em Janeiro) não deram em nada, não houve acordo nenhum, às partes não quiseram abrir mão de nenhum dos seus interesses sobre a República da Ucrânia.

Nesses encontros de tipo estratégico-militar e de tipo político-diplomático, a Rússia apresentou a sua proposta pedindo aos EUA (NATO) e à União Europeia a garantia de que, tanto a Ucrânia, a Geórgia e a Finlândia nunca viessem a fazer parte da NATO, caso isso fosse aceite a Rússia tiraria os seus soldados junto das suas fronteiras com a Ucrânia. Actualmente são mais de 100 mil militares russos (antes eram mais de 200 mil militares) além dos inúmeros blindados de guerra, caças e migues de guerra de última geração, atilharia pesada, sistemas antimíssies de defesa (S-250, S-300, S-400, Iskander-M), técnicos-militares, tecnologias avançadas de guerra, etc, tudo isso nas fronteiras russas com a Ucrânia.

Os EUA (NATO) e a União Europeia negaram categoricamente as propostas russas sobre a Ucrânia, na verdade a intenção principal da Rússia é impedir que a Ucrânia entre a fazer parte da NATO e da União Europeia por esta representar parte estratégica e crucial da sua Segurança Nacional, e é exactamente por causa disso que o ocidente (EUA-UE) insistem que a Ucrânia deva entrar na NATO porque isso abriria espaço para aniquilação futura da Rússia, sendo assim, ninguém quer abrir mão daquilo que acha ser uma estratégia viável e importante dos seus próprios interesses.

E ainda hoje (poucas horas atrás) debatendo com alguns militares (inclusive alguns deles são militares da NATO) disseram-me que, se houver uma guerra na Ucrânia não será uma surpresa pra ninguém porque a Rússia sabe que a sua permanância seja como potência regional e internacional, integridade terriorial, existência futura e manutenção da sua própriaa economia (petrólio e gás) depende em grande parte em impedir que a Ucrânia se junte à NATO, então se tiver que invadir o seu País vizinho assim será, porque no mundo geopolítico não existem santos nem pecadores, não existem amigos nem papai noel, apenas existem os interesses, não importa o que deve ser feito, o mais importante é proteger o Estado, só isso importa.

A Ucrânia é apenas um pião num jogo de gigantes, se a Rússia invadir a Ucrânia ninguém o salvará, o máximo que pode vir acontecer é os EUA (NATO) e a União Europeia colocarem mais uma série de sanções contra a Rússia e mais nada, isso aconteceu com anexação da Crimeia em 2014, foram impostas sanções à Rússia e tudo ficou alí e nada mais aconteceu. O Irão, a Coreia do Norte, a Cuba e tantos outros Países viveram mais de 30 anos de sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia e conseguiram sobreviver, e a Rússia sendo um gigante militar e econômico é impossível pará-lo com sanções, basta lembrar que mais de 60% de todo o gás que se consome em toda Europa vem da Rússia, como se pode notar a Rússia é um adversário quase intocável.

Sendo assim, como especialista político-diplomático, como jurista nas matérias constitucionais e internacionais (incluindo âmbito penal nas questões dos crimes internacionais), e também como alguém ligado às políticas de segurança sugiro novamente o que já tinha sugerido anteriormente quando falei sobre o mesmo o assunto, é fundamental que os EUA (NATO) e a União Europeia cheguem à um acordo de Segurança com a Rússia sobre o Estado da Ucrânia, porque se houver uma guerra na Ucrânia quem sairá a perder muito mais é o povo da Ucrânia, a crise econômica se agravará duas vezes mais (estão em crise desde 2013), a instabilidade público-social crescerá, isso é se o País não for anexado como parte do Território russo porque existe também essa estratégia em pauta, e no final o que o ocidente fará? Apenas colocarão uma série de sanções, sanções e mais sanções contra à Rússia, nada além disso, e o povo no final é que sofrerá as conseguências. É necessário que prevalença a diplomacia!

Eu e a Diplomacia, a Diplomacia e Eu

Elite Intelectual Diplomática

Competências Internacionais

Políticas de Segurança

No Mundo Estratégico-militar

Por Leonardo Quarenta

PhD em Direito Constitucional e Internacional

Mestrado em Diplomacia: Mediação e Gestão de Crises

Alta Formação em Conselheiro civil e militar

Alta Formação em Políticas de Segurança

Rate this item
(1 Vote)

Latest from Angola 24 Horas

Relacionados

Template Design © Joomla Templates | GavickPro. All rights reserved.