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Quarta, 24 Setembro 2025 09:35

João Lourenço diz que ONU não pode ser posta em causa por "interesses egocêntricos"

O Presidente angolano afirmou hoje que a ONU é uma "grande conquista dos povos" que não pode ser subestimada por poderes ou líderes políticos, sob pena de, na base de "visões e interesses egocêntricos", se perderem os benefícios da paz.

No seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, na noite de terça-feira em Nova Iorque (madrugada de hoje em Lisboa), João Lourenço recordou que, passados 80 anos da "sábia decisão" de fundar a Organização das Nações Unidas, esta tem desempenhado um papel determinante na manutenção da paz, da estabilidade mundial e no aprofundamento do respeito pelos direitos humanos.

Um percurso que "nem sempre foi linear", mas que permitiu que a sensatez se tenha sobreposto "aos piores impulsos de uma conflagração de grande escala", privilegiando o diálogo como "único fator capaz de aplanar divergências, superar obstáculos e serenar os espíritos mais conturbados e belicosos", considerou.

O chefe de Estado angolano sublinhou que as lições do passado devem servir de referência para solucionar conflitos e que "é urgente" revitalizar as Nações Unidas para resgatar o papel "de utilidade inegável" que tiveram durante a Guerra Fria e que devem ter neste momento de "grande dissonância" nas relações internacionais.

Antes de João Lourenço, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou fortes críticas à organização que acusou de não ter ajudado nos seus esforços de paz e estar "muito longe de atingir o seu potencial", ironizando ainda com problemas técnicos que encontrou nas escadas rolantes e "um teleponto com defeito".

Também de forma crítica, o Presidente angolano apontou que "as principais potências mundiais tendem a caminhar de costas voltadas umas para as outras", deixando recados à Rússia:

"As potências mundiais que no passado jogaram um papel crucial para a libertação da Europa do nazismo e do fascismo e para a libertação de África do regime do apartheid não podem comportar-se hoje de forma diferente, agredindo outros países, invadindo e anexando territórios alheios, nem financiar e organizar a subversão que pode levar ao derrube de governos legítimos, como constatamos atualmente no nosso continente", afirmou.

"Com este precedente perigoso, nenhuma instituição regional, continental ou mundial terá, daqui para frente, autoridade moral para chamar à razão qualquer Estado violador dos princípios que regem a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional", reforçou o Presidente angolano e atual presidente em exercício da União Africana.

João Lourenço acrescentou que "os africanos de países colonizados durante vários séculos percebem melhor do que ninguém a importância da paz", destacando o papel de Angola em processos de mediação no Sahel, Sudão e no leste da República Democrática do Congo, onde as diligências angolanas "criaram um quadro negocial com soluções de paz que lamentavelmente não se concretizaram em dezembro de 2024".

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