Print this page
Segunda, 14 Dezembro 2015 12:09

Perda de 244 milhões de dólares nas minas de Cassinga, para a suíça Trafigura e "Dino"

A Trafigura é um gigante internacional do “trading” de matérias-primas, com relações privilegiadas em Angola, que incluem acordos bilionários com a Sonangol e empresas detidas pelo general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, ex-chefe das comunicações da Presidência e próximo do presidente José Eduardo dos Santos. Habitualmente discreta, e não-cotada em bolsa, veio agora anunciar uma desvalorização de 244 milhões de dólares no projeto AEMR, para reativação das minas angolanas de Cassinga.

A AEMR é uma parceria entre a empresa estatal Ferrangol e o DT Group, uma das empresas que tem juntado a Trafigura a “Dino”, neste caso para exploração de ferro em Cassinga, próximo da Jamba (província da Huíla). O valor do projeto AEMR foi agora revisto em baixa em 244 milhões de dólares, nas últimas contas da Trafigura.

Sobre a continuidade ou não do projeto, que inicialmente previa um investimento de 900 milhões de dólares, a empresa não se pronunciou. Vários projetos mineiros têm vindo a ser abandonados em África e noutras regiões, dado que os baixos preços dos minérios tornam os investimentos insustentáveis.

Apesar desta e outras desvalorizações de ativos, e do ano difícil nos mercados de matérias-primas, a Trafigura conseguiu aumentar os seus lucros em 6,5 por cento, para 1,1 mil milhões de dólares no ano passado.

O projeto de Cassinga, conforme anunciado pelo governo angolano em 2013, previa o início da laboração em 2017, sendo financiado em partes iguais pelo Estado angolano e pela AEMR. A estimativa de produção era de 20 milhões de toneladas de ferro por ano, e as reservas totais foram avaliadas em 400 milhões de toneladas.

Um levantamento recente, patrocinado pela Swissaid e publicado pelo Africa Monitor Intelligence, sobre as relações comerciais entre empresas de “trading” petrolífero suíças – Glencore, Vitoil, Arcadia, Trafigura, entre outras – e os 10 maiores produtores de petróleo africanos indica que o peso destas empresas é hoje determinante no mercado. Alerta para a frequência, nos negócios nestes países, de “pagamento de luvas, favoritismo e outras manipulações”.

Embora “não dominantes” em Angola, como são noutros países produtores, os “traders” suíços fizeram em 2011 pagamentos de 2 mil milhões de dólares à Sonangol, em contrapartida da compra de petróleo. As compras entre 2011 e 2013 equivalem a entre 2 e 6 por cento dos volumes vendidos pela Sonangol.

Através de uma joint-venture com “Dino”, a DTS Holdings, a Trafigura beneficia de um “quase monopólio” na importação de produtos petrolíferos, mercado de cerca de 3,3 mil milhões de dólares.

AM

Rate this item
(0 votes)

Latest from Angola 24 Horas

Template Design © Joomla Templates | GavickPro. All rights reserved.