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Domingo, 18 Janeiro 2015 20:52

De repente, Angola passa de fartura a fardo para banca portuguesa

A posição de destaque da banca portuguesa em Angola foi durante a última década sinónimo de fartura, com lucros ano após ano. O escândalo público do BESA e, agora, a quebra do preço do petróleo e seu impacto na actividade económica em Angola tornam a presença neste mercado bancário mais como um fardo.

Os sinais avolumam-se e o mais recente é a avaliação do Deutsche Bank ao BPI, principal acionista do angolano Banco de Fomento de Angola. O banco alemão recomenda a venda de ações do BPI “devido ao risco para os resultados, proveniente de uma Angola focada no petróleo e do impacto da alta exposição ao risco soberano daquele país, através da subsidiária BFA".

Já no final do ano passado, a agência de notação S&P apontou a exposição a Angola como principal factor para a sua visão pessimista do BPI. "A revisão do outlook reflecte a nossa visão de que é menos provável do que anteriormente antecipado que o BPI consiga reforçar a sua posição de capital ao longo dos próximos 18 meses, para lá do nível considerado na nossa actual avaliação - ‘fraco'".

A aplicação das regras europeias à exposição que tem na sua subsidiária BFA, que é o líder da banca de Angola, levou o BPI a anunciar em dezembro uma descida do seu rácio de capital, o que tem impacto em toda a sua actividade financeira. A penalização decorre da Comissão Europeia excluir Angola da lista de países terceiros com regulamentação e supervisão equivalentes às da União Europeia.

Devido às novas regras europeias, o BPI pode mesmo ter de reduzir a sua exposição a Angola. Na avaliação do BPI, os activos atribuíveis ao Estado angolano sobem para 3616 milhões de euros e os associados ao Banco Nacional de Angola (BNA) passam a ser de 1297 milhões de euros. A exposição aumentou assim em 3700 milhões de euros.

O mesmo caminho poderá ter de ser seguido por outros grandes bancos portugueses com exposição a Angola, caso do Millennium Bcp e Caixa Geral de Depósitos.

Em Julho, o Diário Económico noticiou que a CGD procurava aumentar a sua presença em Angola, onde está em parceria com o Santander Totta. Mas recentemente, soube-se que a a Direcção-Geral da Concorrência (DGComp) da Comissão Europeia se opôs ao investimento.

Durante anos, o mercado bancário angolano foi considerado altamente atrativo, pela sua rentabilidade muito acima da média mundial. E os bancos portugueses eram os mais bem posicionados no mercado, entre todos os estrangeiros.

A visão do "El Dorado" terá começado a ruir com as enormes perdas sofridas pelo BES devido ao descontrolo na concessão de crédito pelo BESA.

AM

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