De acordo com o que a SIC conseguiu apurar, são milhares de milhões de euros que teriam outros destinatários e que passavam através de contas offshore. É uma informação que vai marcar seguramente a audição de Álvaro Sobrinho, antigo presidente do BESA, ouvido na comissão parlamentar de inquérito hoje à tarde.
As transferências para a filial angolana do Banco Espírito Santo levantam suspeitas. A SIC sabe que os auditores forenses que analisam as contas do BES têm indícios de que parte dos financiamentos de milhares de milhões de euros para o BESA, podem nunca ter chegado aos cofres angolanos.
Tratam-se de transferências que passavam como créditos feitos a partir do BES em Portugal, isto é, registados como tendo entrado nas contas do banco angolano, mas que eram encaminhados para outros beneficiários, através de várias offshores.
Este factor é aliás o que dificulta o trabalho dos auditores da Delloite neste momento: o segredo que existe por detrás das contas bancárias de paraísos fiscais.
Só com o levantamento deste segredo bancário e com a cooperação internacional no âmbito de novas auditorias será possível saber quais foram os verdadeiros beneficiários dos financiamentos do BES.
E são estes milhões - uma parte substancial dos financiamentos ao BESA - que estão na base de trabalho de uma hipótese da investigação forense.
A suspeita recai sobre as próprias holdings do Grupo Espírito Santo, que podem ter sido financiadas por esta via, violando as regras da prudência na gestão bancária.
Entretanto, a SIC sabe também que esta quinta-feira será enviada à Comissão a correspondência trocada entre o Banco de Portugal e a administração do BES desde setembro do ano passado, mostrando dúvidas sobre a idoneidade de membros da equipa de gestão .
Nessa correspondência pode ver-se que as questões de idoneidade já eram levantadas pelo regulador em relação a Ricardo Salgado há mais de um ano.
SIC