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Terça, 12 Outubro 2021 19:58

Isaías Samakuva rejeita ideia de candidato único no congresso da UNITA

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse opor-se a que haja um só candidato à liderança do partido no próximo congresso que vai escolher um novo presidente depois da anulação do seu anterior conclave pelo Tribunal Constitucional (TC).

Samakuva disse à VOA considerar a apresentação de um só candidato “um retrocesso” aos ideais da UNITA.

O TC anulou o XIII congresso, realizado em 2019, pelo facto do eleito presidente Adalberto Costa Júnior possuir a nacionalidade portuguesa quando apresentou a sua candidatura, o que é ilegal pela lei angolana.

A UNITA tinha anteriormente rejeitado essa acusação, mas acatou a decisão e Isaías Samakuva foi reconduzido ao cargo que ocupava anteriormente e do qual havia renunciado voluntariamente.

Fontes da UNITA dizem que na última reunião do Comité Permanente ficou combinado que Adalberto Costa Júnior será o candidato único, algo que Samakuva rejeita. “Estou a ver essa ideia de candidatura nas redes sociais e de alguns companheiros mas é opinião deles, que entretanto, não se adapta à realidade da UNITA”, disse o presidente do partido do ‘Galo Negro”.

“Penso que seria um retrocesso muito grande realizar congresso com candidato único, tendo em conta as conquistas que o partido já teve”, afirmou Samakuva, quem lembrou haver a possibilidade de ser encontrar consensos em relação a esta matéria.

Candidatura de Samakuva seria mau para o partido, dizem analistas

Embora o presidente da UNITA não tenha feito qualquer referência à possibilidade de se candidatar, o analista Olívio Kilumbo entende que caso Isaías Samakuva tente voltar a se candidatar não será uma boa ideia.

“Quem está a fazer uma curva apertada não é a UNITA é o MPLA, por isso a UNITA deve aproveitar essa oportunidade”, sublinha Kilumbo, para quem "uma candidatura de Isaías Samakuva complica as contas da UNITA”.

Aquele analista político diz que nunca a UNITA esteve estão próxima do poder tal como agora com a liderança de Adalberto Costa Júnior e não será boa ideia desafiá-lo. “Quem tentar se candidatar contra Adalberto Costa Júnior vai ser trucidado pela opinião pública e também internamente”, afirma.

O também analista político Agostinho Sicato considera que Isaías Samakuva tem razão na sua posição de ser contra um candidato único.

“Candidatura única vai representar um retrocesso sim, tendo em conta os ganhos que a UNITA tem desde 2003, apesar que uma candidatura facilitar o jogo político”, acrescenta Sicato que não recomenda uma candidatura de Isaías Samakuva. “O clima actual não favorece muito a candidatura de Isaías Samakuva e caso aconteça o partido ficaria bastante dividido”, conclui.

Isaías Samakuva está em funções e a sua primeira visita foi feita hoje ao município de Viana, em Luanda, onde ele reuniu-se com a JURA e LIMA, duas organizações daquele partido.

“Sábios” da UNITA confiantes que crise será ultrapassada

Dirigentes de longa data da UNITA, principal partido da oposição em Angola, minimizaram o impacto da decisão do Tribunal Constitucional (TC) de anular o último congresso do partido, afirmando que o partido do “Galo Negro” já esteve em situações piores.

Esses dirigentes, conhecidos como “sábios” ou a “reserva moral” do partido, manifestaram confiança que esta crise será resolvida.

A decisão do TC levou a que o anterior presidente Isaías Samakuva fosse chamado a reassumir o cargo já que a eleição de Adalberto Costa Júnior foi considerada inválida.

Um dos considerados co-fundadores da UNITA, Samuel Chiwalem disse que “não há nada que nos preocupe que não terá solução". Para Chiwale, não restam dúvidas que o problema veio de fora e tem nome: "O MPLA está agarrado ao poder e faz de Angola o seu jardim zoológico”, disse. E acrescentou que os homens que criaram esse pequeno problema são afectos ao MPLA, trabalham para o MPLA, foram pagos pelo partido no poder".

UNITA: Samakuva refuta acusações de ter interesse em deixar cair Costa Júnior e pede união dos militantes
Por seu lado, Ernesto Mulato, outro membro da chamda “reserva moral” sublinha que o seu partido já passou por desafios piores e a actual situação é só mais um obstáculo a ultrapassar.

"O desaparecimento físico do nosso presidente-fundador foi um dos momentos mais difíceis que a UNITA soube ultrapassar”, lembrou Mulato, afirmando que os membros da UNITA “sempre que surge este tipo de problema, nos sentamos, discutimos e encontramos sempre saída".

Dentro de dias, o partido vai marcar de novo o seu XIII congresso que vai escolher um novo presidente, que será o cabeça-de-lista da UNITA às eleições de 2022. VOA

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