FAA negou a ocorrência de qualquer confronto militar com a FLEC
Em comunicado enviado à Lusa, em Luanda, as Forças Armadas Cabindesas (FLEC/FAC) afirmam que outros militares das FAA ficaram feridos nestes combates e que os guerrilheiros ficaram na posse de vário material, como metralhadoras e munições.
Segundo a versão da FLEC/FAC, os combates e emboscadas aos soldados das FAA aconteceram na área de Necuto e Dinge, nos dias 09, 12 e 14 de abril.
Em declarações ao Rede Angola, o porta-voz das FAA, Alberto Kizua, negou a ocorrência de qualquer confronto militar com a FLEC. Afirmou “que tal informação não faz qualquer sentido” e disse que a tranquilidade pode ser atestada por qualquer pessoa que lá esteja.
"A situação geral em Cabinda continua frágil e tensa", lê-se no comunicado assinado pelo porta-voz da organização, Jean-Claude Nzita.
O braço armado da FLEC/FAC, que reivindica a independência de Cabinda, anunciou em fevereiro o regresso à luta armada naquele enclave, alertando ainda tratar-se de "um território em estado de guerra" e que a circulação de pessoas passava a ser "seriamente desaconselhada", até que Luanda se disponibilize "séria e concretamente" para o diálogo.
Contudo, pouco dias depois, a representação diplomática da FLEC na Bélgica e na União Europeia (UE) considerou que esta decisão conduz à "deterioração do clima político" em Cabinda e que põe em risco toda a sub-região da África Central.
No comunicado de hoje, a direção política e militar da FLEC/FAC "avisa a todos aqueles que têm seus interesses no território de Cabinda, em particular, a empresa petrolífera [norte-americana] Chevron", para "aconselhar autoridades angolanas para começar as negociações reais com os responsáveis políticos de Cabinda para encontrar uma solução pacífica" para este conflito.
Aquela organização volta a insistir que um "cessar-fogo" só será possível se o Presidente angolano, José Eduardo Dos Santos, aceitar "abrir negociações" com a direção política e militar da FLEC/FAC.
"Sem um diálogo franco e aberto não podemos resolver os problemas de Cabinda", conclui o comunicado.
A FLEC/FAC tem vindo a aconselhar "vivamente todos expatriados ocidentais que vivem em Cabinda a retirarem provisoriamente do território" e "desaconselha seriamente" as visitas de "todos os turistas e não residentes", garantindo que "estamos em estado de guerra".
A FLEC luta pela independência de Cabinda, província de onde provém a maior parte do petróleo angolano, e considera que o enclave é um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.
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