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Sexta, 18 Dezembro 2015 13:33

Sindicato prevê novo corte no poder de compra dos trabalhadores angolanos em 2016

A União Nacional dos Trabalhadores de Angola - Confederação Sindical (UNTA-CS) prevê uma nova redução do poder de compra dos trabalhadores angolanos em 2016, com o agravamento das políticas fiscais pelo Governo angolano.

A previsão é feita pelo secretário-geral da UNTA, Manuel Viage, que disse igualmente, em declarações à agência Lusa, que 2015 foi já só por si "um ano difícil" para os trabalhadores angolanos.

Manuel Viage referiu que as medidas de política fiscal, com destaque para a vertente da despesa, executadas pelo Estado para fazer face à crise económica e financeira que Angola vive, preveem a redução de subvenções, como ajustamento das tarifas de energia, água, combustíveis e transportes, o que poderá agravar ainda mais a vida dos trabalhadores.

"Se não há política de crescimento dos rendimentos, mas haverá uma política no sentido de se aumentar os preços dos bens e dos serviços, então o que nós vamos assistir de facto é uma redução cada vez maior do poder de compra dos cidadãos, particularmente dos trabalhadores", disse Manuel Viage, prevendo neste quadro "muitas dificuldades".

O responsável sindical referiu que a UNTA vai continuar a defender a manutenção dos postos de trabalho, ainda que seja necessário "abrir-se mão a algum sacrifício do ponto de vista do consumo".

"Mais importante do que isso é a preservação dos postos de trabalho, não haver despedimentos", apontou o secretário-geral da UNTA.

Sobre o ano que agora finda, Manuel Viage referiu que foram sentidas, pelos trabalhadores, "muitas dificuldades, desde o ponto de vista da manutenção dos empregos, dos rendimentos e de maneira geral da estabilidade das famílias".

De acordo com Manuel Viage, a crise financeira e económica provocada pela baixa do preço do petróleo, a principal fonte de receitas do Orçamento Geral do Estado, levou à redução da atividade empresarial, tendo sido afetados sobretudo os setores da construção civil e do comércio, e com menos incidência o de serviços.

"Por exemplo, o setor da construção, onde algumas empreitadas foram encerradas prematuramente sem que tivesse sido concluída, porque as partes que contrataram, geralmente o Estado, demonstrou incapacidade para honrar os seus compromissos e os empreiteiros tiveram que encerrar as empreitadas ou eventualmente algumas empresas do ramo do comércio que devido a dificuldades cambiais para importar mercadorias tiveram de reduzir a sua atividade", apontou.

A exigência de aumentos salariais está fora de hipótese, segundo Manuel Viage, salientando que as garantias do Estado são apenas a manutenção dos tetos salariais atuais, sem a possibilidade de qualquer ajustamento.

Entretanto, a situação poderá ser diferente para o setor empresarial, onde o secretário-geral aventa a possibilidade de alguma "margem de manobra".

"E aqui o diálogo social também é que vai determinar. Quer dizer, que em função dos rendimentos que cada empresa eventualmente poderá registar, os ajustamentos dos tetos salariais poderão acontecer na mesma proporção, mas aqui, como disse, o diálogo social é que vai determinar", reforçou.

Manuel Viage disse que enquanto entidade sindical, a UNTA vai continuar disponível para desencadear um processo de diálogo social que faça com que os postos de trabalho sejam preservados e por via disso haja paz social nas empresas e igualmente estabilidade nas famílias.

Lusa

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