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Sábado, 25 Abril 2015 18:54

Testemunha diz que "muita gente" morreu nos confrontos no Huambo

Uma testemunha dos confrontos entre a policia e fiéis da seita A Luz do Mundo disse à VOA  que “muita gente” foi morta pela polícia. Contudo, a testemunha, que pediu o anonimato, disse não poder determinar o número exacto de mortos.

As autoridades dizem que nove policias  e 13 civis foram mortos nos confrontos, enquanto a UNITA fala em centenas, possivelmente 700 pessoas mortas.

A VOA procurou chegar ao morro do Sumé onde se deram os confrontos mas viu-se impedida de ali chegar pelas autoridades locais.

Por outro lado, polícias e membros das Forças Armadas com quem tivemos contactos são peremptórios, sob a capa do anonimato, em dizer que as autoridades estão a mentir em relação ao número de mortos de civis.

“É muita gente que eles mataram e não conseguimos contar porque foram dando tiros até em pessoas inocentes”, disse a testemunha por nós contactada.

O cidadão que não se quis identificar revelou que muitos seguidores da seita continuam nas matas por temerem pelas suas vidas e, por isso, não regressam às cidades por saberem que as autoridades estão a capturar os elementos da seita de Kalupeteca

“O que me preocupa é que estão a dizer que temos que voltar às cidades mas quando as pessoas regressam, as autoridades batem às portas das suas casas à meia-noite para as prenderem”, revelou

A testemunha disse ainda que na altura dos confrontos a polícia disparou quatro tiros contra  Kalupeteca mas ele não morreu.

“Kalupeteka já tinha afirmado que Deus me fez de forma que tiro não entra”, disse o nosso entrevistado.

Há informações contraditórias sobre o paradeiro de José Julino Kalupeteca, mas, segundo um activista dos direitos humanos, ele foi torturado e encontra-se entre a vida e morte num hospital entre Huambo e Luanda.

UNITA e MPLA trocam acusações sobre seita A Luz do Mundo

Mais de uma semana depois dos confrontos no Huambo entre as autoridades e a seita religiosa A Luz do Mundo, o debate em Angola está a ser marcado por acusações e contra-acusações spbre os responsáveis pela tragédia.

Ao mesmo tempo, analistas e membros do Governo discutem as razões que podem levar milhares de pessoas a aderirem a seitas de caracter e ensinamentos duvidosos e como é que o Executivo deve reagir a esse fenómeno

Segundo as autoridades, nove polícias e menos de 20 civis morreram nos confrontos, mas notícias provenientes da zona dos confrontos afirmam que centenas de pessoas foram massacradas.

As autoridades isolaram a área e não permitem a entrada de observadores ou jornalistas no local.

Joaquim Nafoia, da Unita, disse  o líder da seita religiosa envolvida nos confrontos fez campanha eleitoral pelo MPLA nas duas "ultimas eleições".

“Kalupeteka fez campanha do MPLA em 2008 e 2012”, revelou Nafoia, acrescentando que grande parte das seitas religiosas angolanas  “são suportadas pelo partido no poder para fins eleitorais”.

“O administrador municipal do Huambo pertence a essa seita”, acrescentou.

Nafoia negou que a alegada presença de material da Unita no acampamento onde se encontravam milhares de seguidores da seita A Luz do Mundo, se confirmada, não constitui qualquer “prova” de apoio da Unita a esse movimento.

Segundo ele, Kalupeteka arrastou milhares de pessoas para a sua seita e entre essas pessoas há  membros ou simpatizantes de todos os partidos.

A acusação de que o próprio Kalupeteka pertenceu ao exército da Unita, FALA, também não tem qualquer significado, pois hoje há ex-elementos das FALA na polícia e no exercito angolanos, afirmou aquele dirigente.

“Se cometerem algum crime passam a ser das FALA e deixam de ser da polícia ou exército?” interrogou.

A ministra da cultura  Rosa Cruz e Silva disse que nada pode justificar a violência  por parte das seitas religiosas.

A longa guerra em Angola tinha contribuído  para o enfraquecimento das estruturas familiares e perda de valores “mas nada justifica que uma confissão religiosa possa usar a violência”, segundo Cruz e Silva.

Para além dos problemas sociais a guerra tinha também causado insuficiências  no fornecimento de serviços de saúde, luz eléctrica, educação entre outros, facto que poderia contribuir para as pessoas procurarem pertencer em seitas religiosas.

O sociólogo Além Panzo disse que há líderes religiosos que estão “mais preocupados com perspectivas fanáticas do que com o avanço espiritual” e  para quem “os seus valores são dogmas de fé que não podem ser alterados" .

Os incidentes com a seita A Luz do Mundo são um aviso de que “a religião pode ser um meio para a resolução de conflitos, mas também pode ser um meio para promover conflitos como se pode ver pelo mundo afora”, disse.

Para aquele especialsista, as autoridades devem repensar em como lidar com problemas causados por seitas religiosas.

“Não podemos esperar por situações mais drásticas para repensar (a questão)”, disse acrescentando que o Governo precisa criar mecanismos para que o comportamento das igrejas não viole os valores do estado angolano.

Voanews

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