O relato, que a Lusa não conseguiu confirmar junto da Polícia Nacional, foi feito pelos promotores da iniciativa apelidada de "manifestação pacífica de caráter internacional", sendo este um grupo de "jovens revolucionários" - como se autointitulam - que exige a "libertação incondicional" destes elementos.
Em causa está a situação do ativista José Marcos Mavungo, indiciado do crime de rebelião, e do advogado Arão Tempo, suspeito de colaboração com um estrangeiro (também detido) contra o Estado angolano, na sequência de uma marcha contra a alegada má governação e violação dos direitos humanos na província angolana de Cabinda.
A distribuição de panfletos, em que os ativistas denunciam que ambos estão "detidos injustamente" e "sem saberem que crime cometeram e quando serão levados a tribunal", aconteceu, afirmam - suportados em fotografias entretanto distribuídas -, em vários municípios de Luanda.
No centro da capital, em que o protesto, também com distribuição de panfletos, estava agendado para as 13:00, um reforço policial impediu durante a tarde o acesso ao Largo da Independência, conforme a Lusa constatou no local.
Um destes ativistas, Pedrowski Teca, disse à agência Lusa que alguns elementos foram abordados pela polícia no acesso a esta zona central de Luanda e viram o material de propaganda confiscado, entre outras escaramuças e detenções também relatadas pelo grupo.
A Lusa tentou recolher uma reação da Comando Geral da Polícia Nacional a estas denúncias, mas sem sucesso até ao momento.
Contudo, estes incidentes aparentam ter sido de menor gravidade face a outras ações promovidas pelo mesmo grupo, que contesta o regime liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos. Também o dispositivo policial mobilizado para a zona central de Luanda foi mais reduzido, face a protestos anteriores.
Na origem da ação de hoje esteve a manifestação agendada para Cabinda, a 14 de março, que acabou por não se realizar, com os dois elementos a serem detidos horas antes pela polícia.
Contudo, estes ainda não têm qualquer acusação formal promovida pelas autoridades angolanas, que continuam a recolher indícios, disse anteriormente à Lusa um advogado que apoia, em Cabinda, os dois elementos.
O advogado Arão Tempo foi detido no posto fronteiriço de Massabi, quando pretendia viajar para a República do Congo, sendo presidente do Conselho Provincial de Cabinda da Ordem de Advogados de Angola.
De acordo a mesma fonte, o seu estado de saúde tem vindo a "debilitar-se", encontrando-se na cadeia civil de Cabinda, tal como o ativista Marcos Mavungo, igualmente detido antes da marcha programada, a qual tinha organizado.
LUSA