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Segunda, 01 Novembro 2021 11:09

Teixeira Cândido dá nota zero à ERCA e defende que os jornalistas devem se rebelar contra o regime

O Sindicalista dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, disse que as constantes críticas contra os profissionais de comunicação, devido à cobertura de actos políticos, com desigual tratamento antes das eleições, não o preocupam porque são críticas legítimas.

De acordo com o sindicalista, soube Angola24Horas, tais críticas reflectem exactamente a realidade e o posicionamento dos jornalistas, visto que as barreiras que permitem e ou suscitam o actual comportamento da media pública continuam lá e não foram ultrapassadas.

"Não é democrático que termos um governo a designar os gestores dos órgãos públicos porque o governo tem 5 anos e depois tem de concorrer às eleições, o que devia fazer em pé de igualdade com o outro. Ora se você é que designa os gestores dos órgãos de comunicação social e estes órgãos estão ao serviço da tua candidatura, há aqui uma ofensa ao princípio da igualdade",

Disse no entanto que, o problema actual do sector é que, nos termos da lei de impresa, quem designa os gestores de órgãos públicos é o presidente da República, enquanto titular do poder Executivo, sendo que o Estado é o financiador dos mesmos órgãos.

Apontou por outra que, não há uma única tutela sobre os órgãos de comunicação social, pois toda gente interfere nestes órgãos sociais.

A título de exemplo, disse que no dia 20 de Outubro, depois de alguns profissionais da imprensa pública terem sido impedido de ter acesso às instalações do Complexo Sovismo (situação amenizada depois da sua intervenção), no dia seguinte, isto é, a 21 de Outubro em trabalho de continuidade, viu uma matéria com a legenda "Manifestantes afectos ao presidente anulado agridem jornalistas".

Assim, revelou Teixeira Cândido que, tal legenda não foi da equipa da TPA mas sim veio do exterior de fora para a televisão.

"Os órgãos de comunicação social não têm independência. Não é uma questão dos jornalistas. A única saída para os jornalistas era se reabelarem todos. Não temos outra", defendeu Teixeira, apelando que, se os jornalistas não se rebelam todos ainda teremos 3, 4, 5 a fazerem sempre o mesmo trabalho ainda que 10 se rebelem. "Este é o maior problema. É estruturante".

Observou igualmente que, o maior problema é que o chefe do governo não pode designar os gestores de órgãos públicos, pois isto ofende a independência e condiciona o posicionamento dos órgãos públicos.

Em Portugal, uma realidade mais próxima onde Angola tem estado a copiar tudo, desde as leis e comportamentos, o sindicalista explicou que não é António Costa nem Marcelo Rebelo de Sousa que designam os gestores da RTP porque há uma comissão independente integrada por vários cidadãos que fazem o concurso.

"Trata-se de uma comissão não de militantes mas sim de académicos e de outros. Na lei em Portugal você blinda isso. Ou seja a partir do momento em que eu designo um gestor directo dos conteúdos, ele não pode ser exonerado sem o consentimento de dois órgãos", referiu.

A entidade reguladora que devia mudar, está completamente de acordo porque no actual figurino aquilo é uma extensão dos partidos e, é uma extensão da maioria, o que quer dizer que de entidade reguladora tem somente o nome e de independente tem zero.

"Não é o exemplo. Estamos a falar de uma entidade reguladora de facto, integrada por pessoas com conhecimento mas que não estão afiliados ao partido nenhum. Até podem estar mas que não seja relevante a afiliação destes", considerou.

Em 2018, recordou, aquele jornalismo que algumas pessoas aplaudiram era feito por estes mesmos, algo que conseguiram fazer com alguma independência e com alguma imparcialidade.

"Os jornalistas dos órgãos públicos só têm dois caminhos. Ou rebelam-se todos e ninguém aceita ou então vão existir sempre aqueles que estão disponíveis para fazer tudo e mais alguma coisa. É só isso. Essa é a realidade", enfatizou Teixeira Cândido.

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