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Quarta, 07 Outubro 2020 21:44

Jornalista Carlos Rosado de Carvalho barrado na Palanca TV

O jornalista Carlos Rosado de Carvalho voltou a ser barrado numa estação de televisão angolana, desta vez na Palanca TV, quatro dias depois de ter sido impedido de abordar o caso Edeltrudes Costa na TV Zimbo.

Nas suas contas de Facebook e do Twitter, o jornalista e economista anunciou que foi hoje impedido de participar num debate sobre ”O ambiente de negócios em Angola”, com os empresários Jorge Batista e Bartolomeu Dias às 21:00, para o qual tinha sido convidado.

“Fazer o quê?”, escreveu Carlos Rosado de Carvalho num 'post' acompanhado pelas fotografias dos convidados, onde a sua cara aparecia traçada com um "x" e a legenda "Carlos Rosado de Carvalho not".

Questionado pela Lusa, o jornalista afirmou ter sido avisado em cima da hora pela produção do programa de que “já não poderia participar”, sem mais explicações.

A Palanca TV era um órgão privado ligado ao antigo ministro da Comunicação Social do ex-presidente José Eduardo dos Santos que ficou sob controlo do Estado angolano.

Carlos Rosado de Carvalho acusou recentemente a TV Zimbo, outro órgão privado que passou para o Estado angolano, de censurar a sua participação na rubrica Direto ao Ponto onde pretendia abordar, no sábado passado, as alegações relacionadas com Edeltrudes Costa.

O chefe de gabinete do presidente João Lourenço terá sido favorecido, segundo uma reportagem da TVI, em contratos com o estado angolano, tendo transferido milhões de dólares de uma empresa sua para o estrangeiro, que serviram para comprar casas e outros bens de luxo.

A direção da estação rejeitou as acusações de censura, mas não foi poupada por organismos como o Sindicato dos Jornalistas, o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISSA) e até a Ordem dos Advogados de Angola que se solidarizaram com Carlos Rosado de Carvalho.

Também a UNITA, principal partido da oposição angolana, mostrou preocupação com “o cercear das liberdades de expressão e de imprensa nos últimos meses” no país, apontando a “censura de conteúdos” na TV Zimbo como o caso mais recente.

A TV Zimbo, a Rádio Mais e o jornal O País, todas do grupo Media Nova, foram entregues ao Estado angolano no final de julho, no âmbito do processo de recuperação de ativos criados com fundos públicos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os órgãos de comunicação social eram detidos por três homens fortes do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, hoje a braços com a justiça: os generais Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, ex-chefe do Serviço de Comunicações, Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, antigo chefe da Casa Militar de José Eduardo dos Santos e o seu ex-vice-presidente, Manuel Vicente. O Serviço Nacional de Recuperação de Ativos entregou depois as empresas ao Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social que nomeou uma comissão de gestão para a TV Zimbo.

A Palanca TV, órgão integrante do grupo Interative Empreendimentos Multimédia, que incluía ainda a Rádio Global e Agência de Produção de Programas de Audio e Visual passou para as mãos do Estado a 28 de agosto, no âmbito do processo de recuperação de ativos constituídos com fundos públicos.

No início de setembro, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, anunciou que a estação iria passar a produzir apenas conteúdos desportivos

Manuel Homem referiu na altura que tal medida não afetava a pluralidade da informação.

"É importante esclarecer que a Palanca TV e outros órgãos afetos a este processo de recuperação de ativos são empreendimentos constituídos com fundos públicos e o Estado tem que ter uma estratégia de forma concreta se transforme num canal desportivo de emissão nacional", frisou.

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