O procurador-geral de Angola, Hélder Pitta Grós, reuniu-se esta tarde com a homóloga portuguesa, Lucília Gago.
Três dias após a publicação dos dados obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, Isabel dos Santos viu-se na quarta-feira constituída arguida pela Procuradoria-Geral de Angola, que a acusa de fraude, desvio de fundos e branqueamento de capitais. Reage agora com novo comunicado, apresentando-se como “mulher de negócios”.
A filha de Eduardo dos Santos sustenta que “agiu sempre com respeito pela lei” e reitera que a investigação jornalística assenta em “documentos roubados” e numa “fuga seletiva para dar uma falsa impressão” das suas atividades empresariais. Afirma mesmo que os tribunais angolanos “estão submetidos a pressão política”
“Estou pronto a bater-me perante os tribunais internacionais para defender o meu nome”, reafirma, para acrescentar ter instruído os seus advogados a “agir contra informações inexatas e difamatórias”.
As acusações
Segundo Pitta Grós, o processo de inquérito foi já convertido em processo-crime.
Foram ainda constituídos arguidos Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol, Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA, Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS e Nuno Ribeiro da Cunha, diretor do private banking do EuroBic e gestor de conta da empresária angolana - encontrado morto na última noite na sua casa no Restelo.
O inquérito à gestão de Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana, que decorreu de junho de 2016 a novembro de 2017, foi aberto depois de o sucessor, Carlos Saturnino, levantar suspeitas relativas a “transferências monetárias irregulares ordenadas pela anterior administração da Sonangol e outros procedimentos incorretos”.