Azevedo Chaves, 61 anos, foi meticulosamente seguido à saída da sede do Banco de Fomento Angola (BFA), localizada na Maianga, próximo a 4ª Esquadra da Polícia Nacional e interceptado no semáforo da rua Cirilo da Conceição Silva, pelos quatro marginais, que se faziam transportar em duas motorizadas.
Depois de balearem a vítima, retiraram a pasta da viatura e efectuaram vários disparos ao ar para afugentar os transeuntes. “Foi tudo muito rápido. Eles cercaram o senhor junto ao semáforo e exigiram que ele entregasse o dinheiro, disse uma testemunha.
“Sem mais nem menos, deram um tiro no coitado e fizeram outros tantos disparos, antes de se colocarem em fuga”, contaram ao Jornal de Angola alguns jovens “lotadores de espaços” para estacionamento de viaturas, nas imediações do Palácio “Dona Ana Joaquina”, na Baixa de Luanda.
Segundo outras testemunhas, os agentes da Polícia Nacional destacados no Ministério das Relações Exteriores (MIREX), ao aperceberem-se do sucedido, fizeram vários disparos contra os marginais e presume-se que um deles tenha sido atingido numa perna.
Azevedo Chaves não teve morte imediata, permaneceu no local, mais de meia hora para ser socorrido, relataram as testemunhas. A população enfurecida, insurgiu-se contra os agentes da Polícia Nacional que acorreram ao local.
Depois de tanta insistência, foi levado às pressas à Clínica Sagrada Esperança, na Ilha de Luanda, por populares, onde veio a confirmar-se a sua morte, segundo colegas de trabalho.
Jorge Van-Dúnem, colega há 22 anos do malogrado, disse ao Jornal de Angola que Azevedo Chaves era funcionário da área de Relações Públicas da Ghassist, empresa que presta serviço de assistência às aeronaves em terra, passageiros, carga e correio, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.
O valor roubado, revelou, destinava-se para o fundo de maneio da empresa e Azevedo Chaves era a única pessoa na Ghassist que fazia o levantamento de dinheiro para este fim.
“Era um trabalhador exemplar. Tinha sempre uma boa avaliação de desempenho. Estamos todos tristes. Ele não merecia isso”, lamentou o colega, acrescentando que o malogrado, que residia na rua Rainha Ginga, era separado e deixou cinco filhos.
Assaltos à saída dos bancos
Os assaltos à saída dos bancos tornaram-se frequentes em Luanda. Nas últimas semanas, duas pessoas morreram depois de atendidos em duas agências do BFA, na Vila Alice e em Viana.
A primeira vítima, um cidadão de nacionalidade maliana, foi morto com disparos de armas de fogo, quando saía de uma agência do BFA, situada na rua Eugénio de Castro, na Vila Alice. Os meliantes dispararam à queima-roupa e, depois de se apoderarem do dinheiro da vítima, colocaram-se em fuga para local incerto.
A segunda vítima, identificada pelo nome de Ana Rosa Damião, de 47 anos de idade, foi alvejada com um tiro na cabeça, quando saía igualmente de uma agência do BFA, localizada nas imediações do Ginga Shopping, em Viana.
A vítima residia, há mais de 40 anos, na República da Namíbia e estava em Luanda para tratar de assuntos familiares. Os marginais fazem-se sempre transportar em motorizadas, vulgo moto rápida, para melhor escaparem, depois de cometerem o crime. Uns, disfarçados de clientes, actuam no interior dos bancos para detectar as potenciais vítimas.
Assim que o cliente recebe o dinheiro, o “olheiro” transmite a informação aos seus comparsas, que têm a missão de seguir a vítima e executar o assalto, apanhando todo mundo de surpresa.
“Os assaltos são tão rápidos e surpresos, que as pessoas ao redor, onde podemos incluir os agentes da Polícia Nacional, não conseguem reagir”, disse uma fonte.
A província de Luanda registou, durante o primeiro semestre deste ano, 12.772 crimes diversos, com uma média de 1.400, por cada município, o que corresponde a 70 crimes por dia.
O segundo comandante provincial da Polícia Nacional, Divaldo Martins, frisou que, de Janeiro a Julho de 2019, houve um aumento na ordem dos 320 crimes, comparativamente ao primeiro semestre do ano transacto.