Os militares angolanos terão aplicado o dinheiro em títulos de dívida de sociedades como a Rio Forte e a Espírito Santo Internacional (ESI), empresa que esteve na origem do colapso financeiro do GES, em 2014.
O dinheiro que os generais angolanos terão investido no papel comercial das empresas do GES terá tido origem em crédito concedidos pelo BES Angola (BESA), de onde terá saído para o ES Bank Dubai, entidade bancária que o GES detinha então naquele país do Médio Oriente.
A aquisição do papel comercial das empresas do GES terá sido feita a partir do Dubai através de sociedades offshore, cujos últimos beneficiários serão generais angolanos.
Com o colapso financeiro do GES em 2014, a Rio Forte e a ESI foram declaradas insolventes pelo Tribunal do Comércio do Luxemburgo. E não devolveram aos investidores o capital que estes aplicaram na compra dos seus títulos de dívida.
A 31 de Agosto de 2013, segundo uma acta, o BESA tinha concedido um crédito total de 6,9 mil milhões de dólares (cerca de 6,1 mil milhões de euros). Desse montante, 80% correspondentes a 5,5 mil milhões de dólares (4,83 mil milhões de euros) estavam concentrados , segundo o mesmo documento, num “grupo relevante de desconhecimento por parte do actual conselho de administração relativamente à identificação dos mutuários, finalidade da utilização dos créditos e garantias pelo BESA”.
Nesta acta, que é um dos documentos recebidos pela comissão de inquérito parlamentar ao BES, os nomes dos clientes do BESA estão rasurados.
A UNITA quer uma comissão parlamentar de inquérito à falência do BESA e à criação do Banco Económico com os mesmos activos. O crédito do BESA a clientes são um dos assuntos a esclarecer.
O BESA tinha como accionistas o BES (51,94% do capital social), Portmill(24%) representada pelo general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, Geni (18,99%), representados pelo general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”; Álvaro Sobrinho (5,05%); Ricardo Salgado (0,01%) e Carlos José Silva (0,01).
Garantia soberana do Estado angolano caiu por terra
No final de 2013, o Estado angolano, na sequência da assembleia-geral do BESA em Outubro desse ano, prestou uma garantia bancária até 5,7 mil milhões de dólares ( 5 milhões de euros, ao câmbio actual) para cobertura de créditos concedidos pelo BESA a um conjunto de entidades empresariais angolanas.
Com a aplicação da medida de resolução ao BES, em Agosto de 2014, o Estado angolano retirou essa garantia.
O Estado angolano acabou por intervir no BESA. Nesse ano, o BESA mudou o nome para Banco Económico. CM