"Não fomos consultados para dar a nossa opinião e nem tão pouco falar sobre o 4 de Fevereiro, nem dos processos 38 e 50, optando pela tese de que a guerra de libertação nacional começou logo no Maqui até à independência nacional", avançou o general, acrescentado: "Para contar a história do meu filho tenho de falar desde a nascença até à idade adulta".
Bernardo Armando da Silva elaborou este recorte histórico durante um ciclo de palestras que esta instituição está a levar a cabo para comemorar a data, onde sublinhou igualmente que já foi feita a devida reclamação, "a nível do presidente do MPLA", estando, há mais de dois anos, à espera que seja "reposta a verdade dos factos".
"Antes do desaparecimento de Paiva Domingos da Silva, nós fizemos uma brochura a explicar os acontecimentos da madrugada do 4 de Fevereiro de 1961 e entregamos à direcção do MPLA, para publicar em livro. Infelizmente, não publicaram nada no livro que fala da história deste partido", lamentou.
Os portugueses, segundo o coordenador do comité 4 de Fevereiro, "não acreditaram que foram os angolanos que realizaram o assalto do 4 de Fevereiro" e, recorrendo à memória daqueles dias, descreveu que, para mostrar que foram angolanos a protagonizar aquele episódio, tiveram de reorganizar-se outra vez para "realizar, no dia 11 de Fevereiro do mesmo ano, um outro assalto", mas só que este não teve êxito como o anterior, "porque não foi cumprida a tradição".
Na mesma ocasião, o general Bernardo Armando da Silva esclareceu que o assalto do 11 de Fevereiro de 1961 falhou porque "não se podia estar com as mulheres e nem levar documentos, mas muitos violaram esta regra. Assim, uns apanharam tiros e outros morreram, e eles (portugueses) recolheram os documentos e perceberam, então, que foram os angolanos que realizaram o ataque das cadeias, tanto no dia 4 como no dia 11. Só assim é que Salazar acreditou, embora com muitas reservas".
Em tom de lamento, o general Bernardo Armando da Silva notou que os 3109 participantes do 4 de Fevereiro "são lembrados apenas na data e depois tudo cai no esquecimento".
Domingos Cazuza
NJ