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Segunda, 26 Outubro 2015 13:24

MPLA acusa Portugal de ingerência nos assuntos internos de Angola

Número dois do MPLA em Luanda, Jesuíno Silva Número dois do MPLA em Luanda, Jesuíno Silva

As críticas violentas de Angola ao governo português sucedem-se: depois do embaixador angolano em Portugal, no fim-de-semana, desta vez foi o número dois do MPLA em Luanda.

Depois de no fim-de-semana, o embaixador angolano em Lisboa ter atacado Portugal no caso Luaty Beirão, pela “insistente diabolização de Angola”, hoje foi a vez de Jesuíno Silva, número dois do MPLA em Luanda, que considerou estranho que “embaixadores de países com democracias aparentemente consolidadas façam diligências em total desrespeito pelas leis internas e que configuram autênticas ingerências em assuntos internos”.

Em declarações ao "Jornal de Angola" publicadas esta segunda-feira, Jesuíno Silva acrescenta: “Temos serenidade e maturidade política suficiente para perceber que pedir ao Presidente que interfira no processo dos 15 detidos é fazer o jogo dos que duvidam da seriedade das nossas instituições”, declarou.

"A separação de poderes é um princípio estruturante de qualquer sistema democrático e em Angola não é diferente", sublinhou o dirigente do MPLA (partido do Presidente José Eduardo dos Santos), acrescentando: "Em Angola, tal como em Portugal ou em qualquer outro país europeu, o Presidente da República não manda nos tribunais. Isso seria violar a Constituição e os princípios republicanos”.

Estas afirmações de Jesuíno Silva seguem-se às do embaixador angolano em Portugal, José Marcos Barrica, que escreveu no mesmo jornal num artigo de opinião intitulado “De Portugal nada se espera” que “a cruzada anti-angolana já não pode ser ignorada” e que “a ingerência desabrida que Portugal faz nos assuntos da soberania de Angola está a ultrapassar todos os limites”.

O embaixador acrescentou, no domingo, que há uma “insistente diabolização de Angola” no caso dos activistas por parte de alguns “sectores maléficos” da sociedade portuguesa.

A acompanhar a notícia com as declarações do embaixador, o editorial de ontem do mesmo jornal voltava a acusar Portugal de ingerência no país, alegando que este ultrapassou todos os limites.

Luaty Beirão é um cidadão luso-angolano e está há 35 dias em greve de fome em Luanda, exigindo aguardar em liberdade o julgamento, marcado para 16 de Novembro. Ele e mais 14 angolanos respondem à acusação de estarem alegadamente a preparar um golpe de Estado no país.

O mesmo editorial do Jornal de Angola diz que este caso é mais uma prova de que o Governo angolano estava certo ao cortar a “parceria estratégica” com Portugal, há dois anos.

Na altura, José Eduardo dos Santos denunciava "incompreensões ao nível da cúpula e o clima político", dias depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, ter pedido desculpa a Luanda por investigações do Ministério Público português a empresários angolanos.

Contactado o Ministério português dos Negócios Estrangeiros sobre o caso, não foi possível obter ainda qualquer reacção oficial.

Lusa

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