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Domingo, 07 Dezembro 2025 09:02

"UNITA reconhece que sozinha não bate o MPLA", diz politólogo

O politólogo Aniceto Cunha considera que o anúncio de uma "frente ampla" para a alternância democrática feito por Adalberto Costa Júnior traduz um reconhecimento tácito de que a UNITA, isoladamente, não tem força suficiente para enfrentar o MPLA nas eleições de 2027.

Segundo afirma, o discurso do líder reeleito passa uma dupla mensagem: internamente, indica que o partido precisa de aliados para preservar o actual peso parlamentar; externamente, reforça a ideia de que o fenómeno FPU foi decisivo para os 90 assentos alcançados em 2022.

"Adalberto Costa Júnior está a admitir que não tem capacidade, sozinho, de enfrentar o principal oponente. Os resultados históricos de 2022 só foram possíveis pela mobilização conjunta de partidos, projectos políticos e figuras da sociedade civil", afirmou.

Novos partidos e juventude desafiam a UNITA

O analista alerta que o ambiente político mudou substancialmente desde 2022. A legalização do PRA JA Servir Angola, o surgimento de novas formações com lideranças jovens como o Partido Liberal e a possível entrada de Francisco Teixeira representa riscos directos para a manutenção do peso eleitoral da UNITA.

"O contexto desfavorece a UNITA. Há novas forças emergentes com capacidade de atrair o eleitorado jovem e que podem retirar assentos ao partido".

Outros sim, explica que uma frente ampla transformada em coligação formal obrigaria à criação de novos símbolos, bandeira e identidade visual algo que, segundo Cunha, enfrenta forte oposição no seio da UNITA.

"Os mais velhos e ortodoxos não aceitarão abdicar dos símbolos, pois representam valores fundantes e a memória histórica. É improvável que o partido arrisque isso", ressalta.

Mas o politólogo duvida também que a UNITA consiga repetir a mobilização da FPU, devido à dificuldade em "congregar novamente partidos e individualidades da sociedade civil".

E, quanto à criação de novas províncias e municipios territórios onde a UNITA tradicionalmente não vence diz que o partido fundado por Jonas Savimbi terá de lutar por pelo me nos 15 novos assentos apenas para manter o equilíbrio eleitoral.

Sem o BD e PRA-JA, uma nova FPU pode ter resultados abaixo de 2022", diz Bali Chionga

Já o analista politico Bali Chionga considera improvável que a proposta do presidente eleito da UNITA, Adalberto Costa Júnior, de relançar uma "Ampla Frente" consiga reproduzir o impacto da antiga Frente Patriótica Unida (FPU). Em declarações ao OPAÍS, o jurista sublinha que o contexto interno da UNITA, alia do à ausência provável do Bloco Democrático e do PRA-JA Servir Angola, pode comprometer seria mente os resultados em 2027.

"Os melhores resultados eleitorais da UNITA foram alcançados no quadro de uma ampla frente. Mas, sem a força do Bloco Democrático e da PRA-JA, os resultados podem ficar muito abaixo do esperado", avisou.

Bali Chionga argumenta que a própria FPU nasceu por iniciativa de Abel Chivukuvuku, que procurava garantir a sua sobre vivència política, e que a UNITA tenta agora repetir a fórmula que já deu frutos. Ainda assim, considera praticamente impossível que a força maior da oposição aceite formar uma coligação formal com

Bali Chionga argumenta que a própria FPU nasceu por iniciativa de Abel Chivukuvuku, que procurava garantir a sua sobrevivència política, e que a UNITA tenta agora repetir a fórmula que já deu frutos. Ainda assim, considera praticamente impossível que a força maior da oposição aceite formar uma coligação formal com novos símbolos. "Os conservadores na UNITA não permitiriamtal ousadia. No máximo, pode surgir uma FPU 2.0, mas não uma coligação de facto", afirmou.

Por que a FPU falhou

O analista aponta duas razões essenciais para o insucesso da frente criada em 2022. A primeira, diz, é legal: o Bloco Democrático é obrigado a concorrer em 2027 e não poderia continuar numa frente informal sem se extinguir. A segunda, e mais determinante, é de natureza politica. "AC e ACJ conservam a esperança de serem Presidente da República. Como só pode haver um, nenhum quis submeter se ao outro. Haveria sempre uma bicefalia impossivel de gerir", explicou.

Sobre a possibilidade de a UNITA aceitar novos símbolos exigência inevitável numa coligação formal Chionga é categórico: "A UNITA não está disposta a perder os seus símbolos. Nem mesmo num cenário de maior optimismo eleitoral. Não conseguiu sair do 'gueto regional por razões subjectivas muito enraizadas, e não vai abdicar tão facilmente da sua matriz histórica."

Isolamento de Adalberto Costa Júnior?

Apesar das criticas internas, o analista evita falar em isolamento politico do líder. "Não diria isolamento, porque no fim todos são maninhos. Mas há resistência. Adalberto Costa Júnior es tá a dar um novo rosto à UNITA, com o qual muitos militantes não concordam. Ainda assim, dispõe de instrumentos de poder que lhe permitem fazer prevalecer o seu projecto", afirmou o jurista.

Por que as coligações raramente sobrevivem?

Para Bali Chionga, o problema das plataformas politicas em Angola não está na formação, mas na continuidade. "As coligações são pensadas apenas para o período eleitoral. Falta visão de longo pra zo. Depois do pleito, já não existe um projecto que garanta a sua sobrevivência", asseverou. OPAIS

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